domingo, 1 de março de 2015

UM DIA DE FÚRIA E... HATIKVA

Semana passada eu tive um dia de fúria. 
Sabe quando você contrata um serviço e combina com as pessoas um determinado horário e estas pessoas não só não aparecem, como não se dão ao trabalho de avisar que não virão.
Enquanto isso você preparou toda a sua casa para realizar o pequeno serviço encomendado, contratou uma pessoa pagando hora extra para que ela supervisionasse o serviço e por fim, ficou sem almoçar porque justamente na hora do almoço você ficou de passar em casa para conversar com a turma que havia marcado de fazer o pequeno serviço e simplesmente não apareceu.
Então o panorama era este: eu com fome, puta da vida pela falta de consideração, e soltando fogo pelas ventas porque além de tudo isso, a turma dos furões não atendia o telefone.
Pois é... estava inconsolável pela casa quando me sentei em uma cadeira da minha sala de jantar que quase não uso.
Fiquei um tempo calada, observando minha sala quando meu olho dá de cara com um buraco na parede. E olha que este buraco, embaixo da escada já devia estar lá há muito tempo. Um buraco onde deveria ter havido uma tomada, que me lembro bem, foi deslocada uns centímetros para o lado. E finalmente a pessoa que deslocou a fiação não se deu ao trabalho de colocar um espelho cego de tomada para tampar o buraco.
Eu, que na minha casa sou organizada ao extremo, fiquei louca. Já estava tudo dando errado, só me faltava mesmo um buraco na parede!
A minha sorte é que encontrei o seu Jorge, o encanador que estava prestando um serviço para a minha vizinha. Um homem simples, simpático, afro-descendente, muito forte, de uns 2 metros de altura... Ele, muito solícito, logo veio, trouxe o tal do espelho cego que teve de ser recortado para caber no espaço do buraco junto aos degraus da minha escada. Fiquei eternamente agradecida ao seu Jorge por ter feito pelo menos ums coisa no meu dia ter dado certo.
Ao término do serviço, como ele se recusou a fazer qualquer tipo de cobrança, dei-lhe dinheiro para um café e ele então iniciou uma conversa paralela, dizendo assim: "doutora, eu sei que a senhora é judia... e eu trabalhei há 12 anos para um senhor judeu que eu adorava... ele sempre vinha cantando uma música que eu nunca mais esqueci... fico até emocionado quando eu canto esta música, mas nunca soube o nome dela. Será que a senhora conhece, pra me dizer que música é essa? Peraí que vou cantar um trecho para a senhora". 
E então ele começou: "Kol od balevav penima/ Nefesh Yehudi homiya..."
Assim de um jeito meio truncado mas acertando grande parte da letra e com uma voz maravilhosa.
Identifiquei imediatamente a música para seu Jorge, e prometi gravá-la para ele num pendrive entregando também a letra.
Agora me fala, quando tudo vai mal no seu dia e o encanador, um homem humilde, de 2 metros de altura aparece cantando Hatikva, "a esperança", isso não pode ser um sinal? Hein, hein?