sexta-feira, 11 de julho de 2014

EU VOU PARA HOGWARTS

Então me preparando para as tão sonhadas férias, ontem eu resolvi uma das minhas últimas pendências antes de me desligar de todos os meios eletrônicos de comunicação.
Liguei para a operadora de cartão de crédito para desbloquear o uso de meu cartão no exterior.
Foi uma das experiências mais esotéricas que tive em toda minha vida!
Depois de apertar um monte de botões guiada por uma voz transcedental, finalmente consegui a conexão para uma voz humana que me respondia prontamente.
Foi mágico! Me atendeu uma mulher, muito boazinha e solícita, que perguntou para onde eu estava indo viajar.
Respondi de pronto: - Vou para San Martin!
- E onde fica San Martin?
- No Caribe! - respondi satisfeita.
Aí veio um silêncio sepulcral que durou até eu timidamente chamá-la com um "alô?".
E então veio a pergunta: - Mas em que continente fica o Caribe?
Aí, com medo de ficar sem cartão de crédito na viagem, expliquei com a minha voz mais maternal, que o lugar pra onde eu ia era uma minúscula ilha que pertencia metade à França e a outra metade à Holanda.
Mais um pouco de silêncio e finalmente ela me retorna com absolutamente tudo resolvido:
- Pronto, está feito. Liberei o cartão de crédito da senhora durante o período de viagem informado para que a senhora possa usá-lo livremente nesta ilha entre a França e a Holanda!
Cara, eu acho que ela está me mandando para Hogwarts! Não é o máximo!
Fiz um pouquinho de silêncio, agradeci e desliguei.
Vamos ver se vai funcionar...

domingo, 6 de julho de 2014

O FILTRO NA PAREDE

Então tá. Depois de muitos pedidos e questionamentos sobre o que aconteceu, vou contar história do filtro.

Comprei um filtro. Apesar de não ser uma extrema necessidade, eu comprei um filtro lá pra casa. Naquele momento a casa ainda estava em reforma e eu mal morava realmente no meu apartamento. Mas as lembranças de chegar do supermercado com seis ou 10 garrafas de água e ter que transportar tudo sozinha lá para cima após longos dias de trabalho, foram um incentivo sem igual para eu realizar este almejado gasto.
Estava tão feliz, os dias de trabalho forçado com carregamento intenso de garrafas estavam acabados. Nunca mais!

E finalmente chegou o grande dia. Recebi o pacote e na pressa de ver funcionando as engenhoca chamei um grande amigo para me ajudar a instalar. As instruções eram claras: o produto era de fácil instalação e não precisávamos ter conhecimentos profundos de engenharia para realizar tal feito.
Então, eu médica, e meu amigo agente de viagens, pregamos o treco na parede e instalamos facilmente a porra do filtro em exatas 12 horas de trabalho intenso. Muito fácil mesmo! Depois a merda da torneira ainda ficou vazando água por uns 4 dias até que finalmente me rendi e pedi ajuda ao pedreiro que estava reformando o apartamento, sendo que este, com conhecimentos profundos sobre o problema, arrumou tudo em menos de 5 minutos. Cara inteligente este pedreiro, porque ele arrumou e não teceu nenhum comentário a respeito do nosso serviço! Não criticou e nem elogiou. Gostei.

Bom, o filtro funcionou muito bem por exatos 9 meses. Estava escrito mesmo nas instruções - e eu sempre leio tudo que é tipo de manual, adoro! - que a validade da coisa que filtra a água era de 9 meses. 
Cravados 9 meses acendeu uma luzinha vermelha dizendo que a água que eu estava consumindo estava uma bosta. Eu olhei no manual e a legenda desta luzinha vermelha era esta mesma. Após uns dois dias desta primeira luzinha vermelha, qual a minha surpresa quando do outro lado do belíssimo filtro, me acende OUTRA luzinha vermelha: a da bateria.
Uma graça, um filtro branquinho com duas luzinhas vermelhas, uma de cada lado. 
Eu até deixei um pouco, porque afinal de contas não uso tão exaustivamente o meu filtro praquela porra vencer em exatos 9 meses. Continuei consumindo a água, como se nada tivesse acontecido. E ainda apagava todas as luzes do meu apartamento toda vez que ia tirar água do filtro só para ver as luzinhas vermelhas brilharem a cada acionamento. Muito lindo mesmo esse meu filtro.

Acontece que o cérebro da gente é uma desgraça. E eu comecei a pensar sobre as luzinhas vermelhas. Cada vez mais. Era só eu estar parada, descansando e até dormindo, que sonhava com as luzinhas vermelhas e seus significados.
Um dia tive dor de barriga e imediatamente culpei a água e a minha teimosia em não trocar o refil do filtro lindo. Resolvi tomar uma atitude.

Só que para trocar o refil eu precisava tirar o filtro da parede, que eu mesma havia pregado com tanto sacrifício. Bom, desnecessário falar aqui que a porra do filtro estava tão bem pregada na parede que demorei cerca de 6 horas tentando desencaixar o filtro dos parafusos e não consegui.
Num determinado momento até tentei com chamas e metal em brasa, e a única coisa que consegui foi derreter uma chave allen e quase colocar fogo na minha cozinha. 
Lá pela uma da manhã, arrasada emocionalmente, liguei para minha mãe que me mandou ficar longe de qualquer coisa que envolvesse fogo. Joguei fora as caixas de fósforos para não correr o risco de ter novas idéias.

Nem consegui dormir. Estava um caco de emoções e sentimentos por causa do filtro. Uma coisa tão lindinha, que me proporcionou tantos momentos felizes de ingestão de água purinha, agora se recusava a sair da parede para renovar o seu refil. Estava magoadíssima! 
O pior é que quando acordei nem tinha mais ferramentas para reiniciar a minha jornada de retirar o filtro da parede sem quebrar. Só havia restado 2 tesouras e uma chave allen parcialmente derretida. Uma tristeza.

Já estava começando a considerar a possibilidade de retirar o filtro da parede menos inteiro, quebrando um pouco. Afinal o mecanismo permaneceria intacto, só a estrutura ficaria danificada. Achei um cutelo na gaveta de talheres!
Estava realmente disposta a usar o cutelo quando tive 2 idéias. E seguindo meus instintos descobri que o meu seguro do carro dava direito a chamar alguém mais qualificado para retirar este troço da parede.
E num lampejo de idéia ainda mais extraordinário, passando por cima de todo meu orgulho, resolvi tentar o zelador do prédio antes de chamar o seguro. 
Chamei o seu Francisco, que muito humildemente chegou na minha casa carregando apenas duas chaves de fenda. E eu falei que estava tentando há horas inclusive com recursos pirotécnicos, e nada! Iluminei a face posterior do filtro com uma lanterna para que ele olhasse melhor os encaixes semi-derretidos e os desgraçados dos parafusos. E na maior humildade, o seu Francisco fez um movimento rápido com as chaves de fenda e como num passe de mágica retirou o filtro da parede em menos de 30 segundos!
Se ele trabalhasse na troca de pneus da Fórmula 1 não ia ter pra ninguém.
Dei todo o dinheiro que eu tinha na carteira pro seu Francisco. Abracei o cara, chorei de emoção. Pensei na finitude da raça humana perante a imensidão do universo. Que era quase um milagre estarmos todos vivos na superfície de um planeta como a Terra, que acima de nós estava todo um universo desconhecido... é, acho que eu estava esgotada emocionalmente.

Aí ele disse: doutora, a senhora não conseguiu desprender o filtro porque a senhora é mulher.
E de repente me dei conta de que ele era um gênio! 
Era tudo verdade. As coisas são muito mais simples do que parecem

Estou ótima agora!

terça-feira, 1 de julho de 2014

BLIND DATES PRA QUE? – UM APANHADO GERAL

Interessante como as idéias são fugazes. Pensamos e em 10 minutos... esquecemos! Muito normal, se não fosse por uma série de acontecimentos que me obrigam a lembrar disto o tempo todo.

Ultimamente tenho retornado ao tema recorrente dos blind dates. Pois é. Apaguei o meu perfil do site de relacionamentos virtuais há muito tempo, mas não consegui escapar desta modalidade de encontro, visto que sou solteira e as pessoas vivem querendo me apresentar alguém. E eu fico continuamente me perguntando: pra que???

Eu concordo que tenho um dedo podríssimo para fazer minhas escolhas pessoais, mas os blind dates são e acho que de forma imbatível, as melhores fontes de textos que tenho à minha disposição.
É divertido mas... é sempre igual! Para começar, a personalidade dos caras. Nessas alturas dos acontecimentos são na grande maioria caras separados, com filhos, sem filhos, há várias modalidades.

A gente sai, coloca a nossa melhor roupinha e aí vem o cara, geralmente meia idade, meio fora de forma, muito perfumado e poucas vezes arrumado porque homem sozinho, temos de convir, é uma desgraça. Sempre tem alguma peça na vestimenta que não combina. E sim, são caras 10 ou 15 anos mais velhos que eu porque os da minha idade ainda tem o sonho de pegar uma garotinha entre 20 e 30 anos. Estes só vão sair com a gente quando fizerem uns 50 anos. E aí também não vai dar certo porque a idade mental deles não vai acompanhar a longevidade... parece até uma profecia, mas é a pura realidade.

Então tá, saímos.

As conversas também são sempre as mesmas... giram em torno do “porque você nunca se casou” para o meu lado, e “por que a sua vida merdou” para o lado deles. Também há o momento da típica demonstração de ignorância (sempre acontece!), onde eles não fazem questão de saber o que você sabe mas eles não conhecem. Porque macho que é macho tem que saber tudo né?!! O que eles não sabem não é importante!!

Bom, após horas conversando combinamos ou não de sair de novo. Geralmente sim. 
Na maioria das vezes o cara se mostra terrivelmente ocupado, muito trabalho e reuniões importantíssimas inadiáveis, com horários parcos, mas com muita vontade de agendar um novo encontro, que geralmente marca na agenda para dali uns 10 dias, para não esquecer! Eles acham que isso faz com que pensemos: olha que cara ocupado, trabalhador, mas ele quer me ver! que legal que legal que legal!

Sinto ter de ser eu a revelar a realidade, mas meninas, não é nada disso! Quando o cara prega tachinha na maionese, é um típico, mas tipiquíssimo sinal de que ele é apenas mais um colecionador. E agora chegamos realmente ao ponto: o colecionador!
Ah, o colecionador... a definição mais apropriada seria a de um cara que obviamente: não está saindo só com você! O tiozão está botando pra quebrar! Pegando todaaaaaaasssssss!! Por isso a falta de horários, o semblante “gostei de você mas já tinha compromissos agendados antes de te conhecer”. Véio, isso é ser sem vergonha! Não quero de jeito nenhum rogar praga, mas tomara que morra de viagra. Pronto falei!

Não tem nada pior do que a pessoa fazer você gastar o seu tempo. É quase um crime! Acho que gastar tempo é muito pior do que gastar qualquer outra coisa.
Pensa bem, você está em casa, fazendo o que gosta mais que é FICAR em casa! Ler, ver televisão, brincar com os cachorros. No meu caso, eu trabalho todos os dias da semana, e chego em casa sempre muito cansada. Quase não consigo ter tempo para mim mesma. Às vezes trabalho também nos fins de semana. E quando estou na minha casa descansando considero que o meu tempo tem um valor incalculável.
Aí vem um blind date!
Quando topamos doar o nosso precioso tempo para “conhecer alguém”, esperamos que a outra pessoa também esteja fazendo o mesmo. Saindo só com você, para te conhecer e ver se rola alguma coisa. Mas não é isso que acontece. Os véio tão sempre colecionando, saindo com vááááááriaaaaaasssssss mina! Porque eles são os bons!!! E assim, vão continuando a sua busca eterna porque sem foco, nunca vai dar certo. Vão ser sempre uns carentes de merda, passando conversa nas meninas desavisadas.

Eu sei que uns véios vão ler este texto e pensar que escrevi exclusivamente para eles, mas não se dêem tanto valor! Isto é genérico, acontece o tempo todo. Assim como também existe o monopolizador telefônico virtual, o mentiroso (se bem que os colecionadores são bem mentirosos)...  O problema dos véios é que enquanto eles tão indo nós já fomos e voltamos 3 vezes. A gente continua topando blind dates acho que por pura curiosidade. É natural tentar encontrar companhia... O que não sabemos porém é que é muito melhor não ter de passar por isso! Mas a gente sempre pensa “quem sabe?” ou “vamos dar uma olhada nesse”... e o final é invariavelmente o mesmo.

Pra que??? Né???