domingo, 27 de abril de 2014

JÚLIA

Júlia é a mais nova integrante da nossa família.
Acho que já escrevi sobre ela, mas nunca dediquei um texto exclusivo para a sua pessoa.
A Júlia é um cachorro. Vira-lata. E eu, que nunca achei que adotaria um vira-lata, me surpreendi com essa nova maneira de ver a vida.
Eu já conhecia a Juju há alguns anos.
Trabalho uma vez por semana em um hospital onde existe uma cultura da população local de abandonar animais na portaria. Sempre tem uma alma bondosa que acaba cuidando dos cachorrinhos, e quando o bichinho é mais ajeitadinho, alguém acaba levando-o para casa.
Pois é, mas isso não aconteceu com a Júlia. A Júlia é um tipo tão comum, que nas feiras de adoção sempre penso estar vendo a foto dela. Já vi milhares de Júlias perambulando pela rua e uma vez uma protetora de bichos me disse que ela do tipo "pretinha básica".
Ela chegou ao hospital ainda filhote, brincalhona, e se adaptou muito bem nas proximidades da porta do Pronto Socorro de Adultos. Lá ela encontrou mais dois cãozinhos - o Negão e a Xuxa - e juntos fizeram um grupinho inseparável.
Eu e ela sempre tivemos afinidade. No primeiro dia em que a vi no hospital, toda pequena e disposta a fazer novas amizades, eu dei o que sobrou do meu almoço à ela. Às 19 hs, hora em saio do plantão, senti que algo me seguia, e ouvia passinhos atrás de mim... era ela! estava me esperando e me seguiu até o carro, onde ficou esperando para entrar e voltar comigo para casa. Até hoje me arrependo muito de ter deixado ela lá, na grama do estacionamento. Eu não podia ficar com ela, já tinha outros 2 cachorrinhos em casa. Ela até correu atrás do meu carro e eu chorando fui para casa, sem levar a pequena. Choro também hoje ao contar este episódio, de vergonha e de arrependimento.
Anos se passaram e ela se adaptou ao novo modo de vida no hospital, onde junto com a sua turminha parecia ser bem feliz. Ela era a líder e por vezes fazia triagem na porta do Pronto Socorro, só deixando entrar quem ela simpatizava. Ela também tinha uma mania de sorrir quando alguém lhe agradava, mania que mantém até hoje. Uma figurinha essa Júlia, com 6 dedos em cada pé, que fazem um barulhinho característico quando ela anda - tic tic tic - sempre evidente em todos os lugares.
Sempre que eu ia ao hospital, como faço até hoje, verificava os cachorrinhos abandonados por lá. Ainda vejo muitos deles e quando posso faço um carinho e dou uma parte do meu almoço para eles. O Negão e a Xuxa foram tosados este verão, mas agora já estão sujos de novo. Bem alimentados, vacinados, e abandonados, esperando pacientemente os dias passarem, deitados na porta do hospital onde às vezes alguma criança brinca com eles, faz carinho, e eu sei que eles adoram.
Mas voltando à história da Júlia, um dia cheguei para trabalhar e ela não se levantou. Estava desequilibrada, muito fraquinha, nem abanou o rabinho quando fiz um carinho. Todos os cachorros estavam debilitados, mas ela era a mais doente. E eu não pude deixar de fazer alguma coisa por ela. 
No fim do meu plantão, embrulhei a Juju num cobertorzinho e a levei para um hospital veterinário. Ela estava péssima, tinha sido envenenada, como os outros. Uma amiga veterinária me ajudou, inclusive financeiramente, com os primeiros cuidados. Eu nem tinha condições de decidir nada, só chorava, com muita pena e até alguma culpa por não ter levado ela para casa naquele dia.
Depois de uma longa internação ela saiu do hospital - a conta gigantesca ajudada por amigos e anônimos que souberam da história - e foi para minha casa, muito magrinha, muito desconfiada, com medo de tudo, com sarna, mas livre do envenenamento.
Como já tinha 2 cachorros e não podia ficar com ela porque trabalhava o dia inteiro, coloquei-a para adoção. Tentei convencer um namorado que tinha na época a ficar com ela, mas ele também não podia por trabalhar o dia todo e ter que deixar a pequena sozinha.
Ela não gostou muito da minha casa, ficava sozinha o tempo todo, sem os seus amiguinhos do hospital. Tentei por algumas semanas arrumar uma família que a adotasse, sem sucesso algum. Ficava desconfiada de quem se interessava e também pensando que ninguém ia cuidar dela melhor que eu, do que a minha própria família. 
Então decidi apresentar a Juju para meus outros cachorros. Tenho uma boxer de 12 anos que não gosta de outros cachorros, mas adorou a companhia da pequeninha vira-lata.
Meus sobrinhos também adoraram a idéia de ter um cachorrinho como a Juju e a minha sobrinha de 5 anos diz que a Júlia é dela - presente simbólico da minha pessoa. Minha sobrinha inclusive fica muito brava quando alguém fala que a Júlia é vira-lata. Tive que dizer para todo mundo que a Júlia é de uma raça muito rara chamada "pastor da Malasya", o que ela repete para quem quer que pergunte a raça do seu cachorro.
Por fim, ficamos com ela e em 20 de julho deste ano ela completa 2 anos conosco. Data também que adotamos para o seu aniversário, exaustivamente comemorado, com muitos ossinhos e biscroks.
De minha parte, me sinto muito feliz por ter adotado a Júlia e por receber dela um amor incondicional. Muitas vezes eu canto para ela. Canto mal, mas ela adora! E por vezes, depois de passearmos, sentamos na minha cama ou no chão e conversamos. Tenho muitas perguntas que gostaria que ela me respondesse... pergunto do seu passado, quem foram seus pais, se tinha irmãos... quem a abandonou...
E ela, muito mais esperta que eu, simplesmente me olha, balança o rabinho com toda a sua energia e dá uma lambida no meu rosto como que dizendo: e qual é a importância que isso tem agora?

terça-feira, 8 de abril de 2014

JANTAR

Hoje fiz um jantar maravilhoso, só não percebi que os ovos que estavam na geladeira haviam vencidos há 2 meses.
Por via das dúvidas tomei várias taças de Limoncello a fim de exterminar as possíveis bactérias.
Se eu não aparecer no trabalho amanhã, por favor mandem alguém aqui em casa verificar.
Pronto avisei.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

RELÓGIOS DE RUA

Agora deram pra consertar os relógios de rua. Olha que maravilha. Para mim é especialmente significativo, visto que para sofrer menos o stress do dia a dia parei de usar relógios há mais de 20 anos.
Não posso deixar de agradecer aos responsáveis por encher a cidade de relógios que agora, além da hora, ainda indicam a qualidade do ar, fazendo com que a cada esquina eu me lembre que estou atrasada e como se não bastasse isso, ainda estou respirando um ar de merda.
Muito obrigada pessoal!