terça-feira, 23 de outubro de 2012

OS GUARDAS DE TRÂNSITO

Mais de um mês se passou desde minha última postagem e outro dia mesmo me perguntaram se eu não ia mais escrever, colocar no papel meus devaneios. 
Aí pensei, e continuo pensando diariamente em múltiplas idéias maravilhosas para discutir por aqui, mas com um conteúdo politicamente muito incorreto. São idéias ótimas, que usualmente discuto com meus amigos, mas que quando colocadas no papel, sem as inflexões de voz que nos livram talvez de inimizades eternas, não conseguimos expôr na escrita.
Sempre pensei na escrita como monocórdica. Existem e por vezes usamos o recurso das letras MAIORES ou menores ou muito menores para indicar inflexões. Mas com assuntos tão politicamente incorretos, fica difícil mesmo com estes recursos, escapar de um mal entendido.
E olha que pensei, sobre política, religião, sexo, e muitas outras pautas que gostaria de discutir aqui. MAS NÃO POSSO!!! MERDA!
Então hoje vou dar uma pequena palavra sobre uma coisinha que vem me incomodando há semanas: a falta de sentimentos dos guardas de trânsito.
Outro dia distraidamente passei em um sinal vermelho. Estava cantando uma música e no melhor do refrão não vi que o sinal havia fechado. Também, era uma parte da música que eu tinha que usar as mãos e os pés para representar, o que significa que naquele momento não havia mesmo ninguém no controle do veículo. E olha que eu dirijo bem! Foi apenas um momento...
Mas o que mais me abismou foi o fato de eu não ter sido multada. E tudo isso aconteceu numa fração de segundos bem no nariz de um guardinha de trânsito.
Aí fiquei pensando... se eu fosse um guarda de trânsito eu também não me multaria. Pô, eu tenho sentimentos, e tenho também o meu lado filosófico curioso, que indagaria os motivos.
Eu ia querer saber o por quê daquela infração hedionda, bem embaixo do meu nariz. Por que uma pessoa em sã consciência atravessaria um sinal vermelho, berrando dentro do carro com uma mão na cabeça e a outra segurando o que parecia fazer as vezes de um microfone... os pés aparentemente visíveis através do vidro dianteiro do veículo...?? Pensaria mesmo que esta pessoa NUNCA poderia ser simplesmente multada! Não sem antes me brindar com uma bela explicação. Eu pararia o veículo infrator e iniciaria - com toda a minha autoridade - um questionário. Incontáveis perguntas para satisfazer minha curiosidade! E posso garantir que muito guardinha por aí teria uma vida muito mais saudável se fossem estimulados a interagir. Afinal eles lidam com o público!
Né?!
O problema é que eles não tem coração. Não querem saber! Simplesmente vão lá e multam! Emburrecidos pela lida. Assim como aconteceu um dia - NO MEU ANIVERSÁRIO! - quando fui terrivelmente multada por estacionar 5 minutos num lugar proibido. Achei um absurdo isso.
Ou quando parei o caro num local proibido e peguei um táxi para o aeroporto. A placa de proibido estacionar estava bem atrás da copa de uma frondosa árvore, impossível de ser vista! Mesmo que a placa gritasse, eu nunca ia adivinhar que o grito pudesse vir de um sinal de trânsito altamente colocado acima da minha cabeça. Não vi! Não vi e pronto! Voltei do Rio de Janeiro após 4 dias de um delicioso feriado o qual meu carro passou hospedado num albergue da prefeitura. Lugar horroroso, cheio de carros velhos, muitos deles guinchados injustamente como o meu... Pior é que para me devolver o carro, me fizeram pagar uma tonelada de multas antigas, das quais eu nunca tinha ouvido falar. Resumindo: sequestraram meu carro e pediram um resgate fenomenal, o qual tive que pagar sem ao menos poder discutir cada uma das infrações das quais eu estava sendo acusada. Esse é o problema, a gente não tem nem chance de argumentar! O próprio guinchamento eu achei injusto! Se tivesse um guarda interativo lá onde eu parei, embaixo da árvore com a placa, tenho certeza de que muita energia seria poupada!
Será que o embotamento afetivo é um pré-requisito para ser guarda de trânsito? Nesse caso onde é que eles seriam recrutados? Eu até sei, mas achei boa a pergunta.
Uma coisa realmente é certa: eles - os guardas de trânsito que não interagem - não sabem o que estão perdendo!