sábado, 25 de junho de 2011

A SAGRADA FAMÍLIA DE GAUDÍ

Ontem trabalhei. O dia inteiro. Lavei a alma e esqueci dos problemas. Bom, dos meus problemas, porque os dos outros não deu para relevar.
O fato é que acordei às 6 hs da manhã e saí de casa em meio a uma neblina assustadora, com os faróis do carro ligados e um frio de rachar os ossos, pensando na merda de ter aceitado esse plantão no meio de um feriadão, onde teoricamente eu deveria descansar. Qual não foi minha surpresa quando, ao chegar no hospital, localizei minha vaga favorita no estacionamento vazia! Pensei... até que meu dia não está sendo de todo ruim...
Parei meu carro e, 12 horas depois, retirei do estacionamento uma cópia fiel da Sagrada Família de Gaudí, tamanha a quantidade de fezes de aves diversas. Entendi na hora o porque da minha vaga favorita estar dando sopa.
Mas o meu dia não foi mesmo ruim. Trabalhei, fiquei cansada, e saí de lá num bom humor, renovada, como há tempos não acontecia. E cheguei à conclusão de que tomar uma cagada na cabeça de vez em quando, pode dar sorte.
Peguei meu carro feliz da vida e fui passear com esta obra de arte na Vila Madalena. Atraí olhares! Tá certo que evito pensar nos motivos, mas não passei desapercebida. 
Agora a Sagrada Família está descansando merecidamente na garagem. Vai ficar assim, fantasiada até segunda-feira. E em vista desta experiência pregressa, hoje estou me programando para passar uns minutos embaixo de um aviário. Me parece que dá sorte...

domingo, 19 de junho de 2011

ONDE ESTÁ O HARRY CONNICK JR?

Assim como surge, a novidade desaparece. Por isso pergunto: onde está o Harry Connick Jr?
A nova sensação do pedaço parece ser o Michael Bublé. Não que ele seja ruim. Muito pelo contrário. Ele é bonito, charmoso, canta bem, tem presença de palco. Só não dança... o Harry dançava!
O grande problema é que eles aparecem, a gente curte, canta junto, aprende as musiquinhas e... se apega. Já houve um tempo em que eu tinha tanto medo de perder o Harry Connick Jr quanto eu tinha de perder o próprio Junior, meu cabeleireiro.
Por fim, minha vida deu uma guinada e eu perdi meus cabelos compridos, o que não me deixou nenhuma seqüela sobre o fato de ter perdido o Junior.
Mas o Michael Bublé não vai dar pra suportar... Não que eu esteja apavorada, pois a vida muda e as coisas passam a readquirir importâncias distintas... Mas, no dia em que a mídia soprar para o lado leste e o Michael perder o prestígio, vou querer saber onde raios tem andado o Harry Connick Jr.
E olha que eu ainda nem comecei a procurar o Junior!

sábado, 4 de junho de 2011

ELE SABE! O STEVIE WONDER

Outro dia estava maravilhada com uma velha música do Stevie Wonder onde ele dizia para quem quisesse ouvir que iria amar a mulher para sempre. Achei tão bonito. Enquanto o coro cantava "até o dia virar noite a noite virar dia", ele falava "sempre!!", e lá vinha o coro "até o dia em que oito vezes oito vezes oito será quatro", e ele de novo "para sempre!!". Com uma convicção inabalável.
Fiquei assim, no dia seguinte, romanticamente pensando na música, ouvindo-a por vezes seguidas, coloquei até no modo de repetição automático do meu radinho do carro.
Me emocionei... e fiquei com vontade de compartilhar este sentimento e mostrar a música para alguém.
Mostrei para minha mãe no dia seguinte, não sem antes fazer uma apresentação do montante de sentimentos e da sensibilidade incrível que o artista imprimiu àquela música que mergulhava na profundidade dos meus próprios sentimentos.
Ela - minha mãe - ouviu tudo, minha apresentação, depois a música, e após alguns minutos de silêncio cético ela lançou: mas como é que ele sabe?
E eu passei meus últimos 4 dias pensando nisso: como é que ele pode afirmar isso com tanta convicção? 
A música continua sendo ótima e apesar do meu romantismo quebrado, eu ainda admiro o Stevie Wonder porque ele deve saber!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ambiente & Leitura

Woody Allen sempre nos brinda com seus ambientes habitados, já disseram cinéfilos em consoante com a crítica. Não faz diferença se o cenário é luxuoso, requintado ou modesto. Casa ou apartamento, de imediato se percebe que ali há vida. Na mesa do escritório, no quarto, na sala... um blazer displicentemente posto sobre a cadeira, livros elegantemente desarrumados no living, móveis discretamente envelhecidos .
A Casa Cor, não. Ambientes assépticos, lençóis impecavelmente estendidos, cristais brilhando, nenhuma bagunça aqui ou acolá. Muito raramente um closet sem portas nos armários, para ilustrar o loft do (a) descolado (a). Nenhum livro fora da estante, aliás, para que livro, se não para decoração? Quando muito, para preencher estantes, já que, afinal, algum arquiteto maníaco desenhou tais excentricidades. Estantes repletas, um horror.
Ainda que seja “a” mostra de arquitetura e decoração no estado da arte, a idéia, que tomarei a liberdade de chamar de moda conceitual, é um tanto bizarra. Marcada pela competição acirrada, fogueira de vaidades, recepcionistas nada convincentes aliados a seus sorrisos de comercial de dentifrício, a exposição segue, ano após ano, (mal) imitada por algumas produções locais, nos mais distintos estados e municípios, sem, é claro, a mesma sofisticação, mas com a mesma superficialidade.
Excelência de trabalhos à parte, com seu mérito indiscutível, registro a presença de muitos quadros, muitos espelhos (recostados às paredes, lógico, é a tendência atual), muitas almofadas, muito azul e dourado, mas livros, nada que destoe do ambiente. Talvez estes amontoados de papel encadernado, bastante anti-ecológicos e antiquados nestes nossos dias não inspirem glamour, é, deve ser isso.