sábado, 31 de dezembro de 2011

FELIZ 2012!!

Hoje é o último dia do ano.
Um dia que por si demanda reflexões, preparativos, planejamentos, tristeza e euforia.
Se fosse enquadrar num manual psiquiátrico, esse dia seria um compêndio!
Então resolvi me sentar aqui no computador da sala, são 10 hs da manhã e minha família ainda está dormindo. Hoje pode! Na verdade hoje pode tudo! E ao mesmo tempo em que escrevo consigo observar meu cachorro na janela, olhando a rua. 
Está chovendo, muito. E eu desejei nesse minuto que todas as minhas aspirações se resumissem no planejamento puro e simples que meu cachorro deve estar elaborando, genialmente! diga-se de passagem: "como sair para passear?". E fiquei imaginando como são lógicos e geniais esses bichos. Sem a noção de tempo que tanto nos aflige, eles aproveitam cada minuto das suas vidas e aceitam a evolução dos seus corpos e almas com uma naturalidade assustadora. Aos 10 anos meu cachorro ainda busca uma bolinha para brincar e consegue achar nisso tudo uma graça e uma leveza divertida que me impressionam. 
O equivalente humano poderia ser pensado como um adulto de 70 anos brincando, por exemplo, de Barbie! Alzheimer né?
E com a mais absoluta certeza, sei que telepaticamente meu cachorro já exerceu sua influência sobre o meu dia. Impressionante o que um cachorro consegue com um simples olhar. Imediatamente já me imagino passeando com ele na chuva e, olhando-o nos olhos, nós dois sabemos que vamos sim sair! Sem palavras, apenas sentimentos, olhares e maravilhoso entendimento!
Quanto às pessoas... nem olhando e nem falando conseguimos decifrar o que elas dizem ou pensam.
A fala é a mais complexa e inútil das funções humanas.
Proponho então, para o Ano Novo, mais silêncio e mais feeling. Mais honestidade e mais sinceridade. Mais coerência e mais atos de bom caráter, como se fôssemos bichos, sem maldades e sem mentiras!
Feliz 2012!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Happy Birthday

Há uma semana estive trabalhando no domingo, em atividade acadêmica. Eu, meus colegas e nós rodeados por alguns daqueles que foram nossos grandes mestres, na graduação. Vão anos, é verdade, e numa daquelas conversas para ver se o relógio colaborava, meu chefe resolveu mergulhar fundo no tempo e lembrou a um dos figurões que quase fui sua colega de especialidade.
Explico: há dezessete anos (que horror!) estava dividida entre cirurgia e anatomia patológica. E foi por muito pouco, mas muito pouco mesmo que não bandeei. Desnecessário explicar que passei dois malditos anos em puro conflito interno.
Bem, não foram tão malditos assim, ao menos não quanto imaginei. Hoje sou profissional e guardo grandes lições daquele período.
Caro leitor, se ainda tiver sobrado alguma paciência, e imagino que esteja a se perguntar que raios tem isso aqui a ver com o título, respire fundo que aí vai minha justificativa. Não sei como não ser piegas. Acostumei a fazer piada de tudo, inclusive, e principalmente, de mim. Fica tudo mais palatável. Então, você está certo, que lenga-lenga...
A verdade é que aqueles anos não foram nada malditos. Tudo bem que eu comia feito louca e pensava que a vida se resumia em trabalho e sono, mas não foram somente uns dez quilos a mais na balança.
Entre a cruz e a espada, entre fazer o que eu queria e aquilo que meu coração queria, optei pela razão. Embora às vezes não pareça, sou bastante pragmática. Ainda assim, tinha de ter a certeza de que não iria me arrepender. Naquela ocasião, porém, tal certeza teria sido impossível. E muita coisa mudou.
Hoje tenho a grata certeza do resultado: um balanço para lá de positivo, um saldo credor e muitas alegrias, ao olhar para trás e enxergar as amizades que fiz e que o tempo e o espaço não dizimaram.
Neste exato momento só quero homenagear uma amiga bastante cara que completa anos em poucas horas, e é para isso que escrevo.
Feliz aniversário, e que muitas bênçãos sejam derramadas, que você tenha muitas alegrias e que tenha a felicidade de ter amigos como eu tenho!

Auguri! Auguri! Auguri!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O SHOW DE SAMBA

Então vamos lá, inaugurar mais um mês neste blog, com o primeiro texto de dezembro...
Ganhei um cd de pagode, destes com os melhores, os piores, enfim, todos os sucessos do Fundo de Quintal. E tenho de confessar, o cd é muito bom. Ouço no meu carro, no meio do trânsito, e cantarolo as letras fáceis e adesivas, me imaginando na praia, com uma cerva bem gelada, debaixo de um sol escaldante. Até aí a máxima semelhança com o meu imaginário se dá por meio dos meus óculos escuros da Mormaii, a única coisa em minha vestimenta que cheira a verão.
Bom, depois de duas infindáveis semanas ouvindo um bom pagode, troquei o cd por um cd de jazz. Se for pensar com cautela, não foi uma mudança tão radical, afinal pagode e jazz são dois expoentes da música negra com raízes africanas. Só nasceram em lugares diferentes, mas têm quase que a mesma origem.
E me lembrei nesse meio tempo de um show de samba que fui assistir com a minha irmã nos idos dos anos 90. Naquela época não havia internet e para conseguir bons ingressos tínhamos que amargar horas em filas de bilheterias. Pois bem, fomos com um amigo que conseguiu 4 ingressos: um para ele e outros 3 para mim e minhas duas irmãs.
Todo mundo que nos conhece sabe bem que a Daniela não se destaca pela audição apurada, o que a faz falar muito alto em diversas situações, principalmente em locais barulhentos.
Fomos ao show. Chegamos cedo e logo pegamos um lugar na fila, e, sem brincadeira como éramos as únicas pessoas brancas no meio de quase mil pessoas de outras colorações. Qual não foi minha surpresa quando distraidamente a minha irmã se virou para nós e num tom surpreendentemente elevado para a ocasião, soltou: PORRA! MAS SÓ TEM A GENTE DE BRANCO AQUI!!!
Naquele momento senti como se todas as pessoas do mundo se virassem para nos encarar. E se fez um silêncio espetacular. Incrível o poder das palavras né?
Só sei que no momento seguinte meu amigo iniciou um batuque e quase que em uníssono eu e a minha outra irmã - a não surda - iniciamos um corinho de uma música em homenagem ao Zumbi dos Palmares, como se tivéssemos nascido no próprio quilombo. É realmente impressionante o que fazemos quando estamos sob pressão.
No momento seguinte nossos "amigos de fila entraram no coro" e assim adentramos o espetáculo, cantando e batucando, o que me faz pensar que... quando imaginamos que tudo está perdido, nada como um bom samba pra alegrar os nossos e por ventura, também os corações alheios!

domingo, 27 de novembro de 2011

A CICLOVIA DE MOEMA

E novamente aqui estou nesta madrugada de sábado, totalmente desperta!
Como isto já não é nenhuma novidade, pensei em descrever a minha semana, recheada de particularidades. Por exemplo, 5a feira... 
Agora, nas 5as feiras trabalho num magnífico bairro desta ilustre cidade. Um bairro chique, um bairro bom. E como é do meu feitio, imediatamente criei algumas rotinas, sendo a mais agradável delas, o almoço com a minha prima (aquela dos dentes em http://depoiseagora.blogspot.com/2011/10/palavrinha-com-dus.html), que também trabalha por lá. 
Saio do consultório apressadamente na hora do almoço e nos encontramos para alguns minutos de conversa. Adoro isso!
Pois bem, qual não foi a minha surpresa quando ao pegá-la no seu local de trabalho, encostei meu carro junto ao meio fio e, preocupadíssima ela veio até a janela já falando: "vamos logo embora antes que você tome uma multa". 
Olhei pra um lado, depois lentamente para o outro (lado) e sinceramente não reparei em nada de diferente... foi aí que ela me apontou: uma ciclovia! Puta que o pariu! Construiram uma ciclovia junto ao meio fio! E aí comecei a reparar: os carros estacionados no meio da rua, deixando livre o espaço para a ciclovia... um cenário de ficção científica, onde os carros pareciam flutuar no meio da avenida, sem motoristas, pois estavam estacionados!  
Só para explicar melhor: o lugar em que minha prima trabalha, assim como 99% dos estabelecimentos comerciais deste ilustre bairro, funciona em um antigo sobrado, com garagens próprias para clientes. E tenho de confessar que eu mesma não vislumbrei nem a possibilidade de uma ciclovia neste local quando embiquei o carro no estacionamento para apanhá-la. Foi aí que enxerguei que os ciclistas deste bairro deveriam andar com a carteirinha do respectivo convênio médico grudada na testa, o que evitaria uma série de outros transtornos maiores.
Tenho mais coisas pra contar, mas deixo esta para refletir no momento.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Pedal do Meio

Nada como duas horas no trânsito.

Suficientes para sentir os 32,5ºC como se fossem vinte, depois quarenta, depois molhados.

Nada como tirar a sandália e não tirar os olhos do meu retrovisor com medo de se repetir a mesma cena de assalto (se bem que já tenho um celular reserva em um dos porta-copos).

"Vou deixar a janela meio aberta mesmo". E agradecer o pote de mil mentos que comprei só porque cabe certinho no meu outro porta-copos ocioso e também como previdência para um belo trânsito sextafeiral.

Li o final do conto do Veríssimo, vi se minhas unhas já secaram, buzinei, estressei, odiei e fechei a janela quando parei do lado do boteco (não daqueles sujos dos quais eu, imunizadamente, amo tomar café no copo americano) de aparência e clientes asquerosos.

Eu tinha que ficar na faixa da esquerda rápido...não por nada, só pra gritar "Goiabaaa!!".

E eu comprei a inflacionada e mais deliciosa transgênica goiaba vermelha do mundo dos faróis!

Dai tudo ficou bonito mesmo. Meu ipod descobriu que não pode tocar Kitaro depois de tocar Roulette Dares, minha maquiagem se descobriu derretida e a chuva choveu, parou e brisou um vento digno de correr o risco com as duas janelas abertas e de aumentar o som e jogar o braço pra fora e sentir algumas gotas persistentes.

E assim eu me despedi da flor presa no meu vidro da frente, que cuidou de ficar lá comigo por duas horas, até a nova chuva.

Que choveu na hora certa o suficiente pra preparar o mato daqui de casa, que se perfumasse com aquele cheiro molhado e verde dos serenos...

Serenidade em hora tão irônica e mais bem-vinda.

novembro 2010



Esse texto não é meu ele é de Layla el Mouallem, uma amiga da Santa Casa.

domingo, 20 de novembro de 2011

INSÔNIA

Eu sempre quis escrever alguma coisa a respeito da insônia.
E nada melhor do que escrever sobre "ela" quando se está sob o seu domínio...
A gente pensa cada coisa, na infinidade de coisas a serem realizadas, na finitude de tudo, no tédio que será o passar das horas até que o sol venha nos salvar...
... Dá pra entender as dores de cornos, pra ouvir todas as músicas bregas, pra ler as notícias inúteis.
Na verdade a insônia é o momento do tempo em que temos mais tempo. 
Então por que não aproveitar? Vamos fazer coisas, vamos ler, vamos ouvir música! Pra quem não tem tempo, a insônia é uma bênção.
Agora, com licença que tenho de ouvir o novo cd da Banda Calypso!

sábado, 12 de novembro de 2011

Memorando no. 1 Efeito Tostines

Prezados,(diz a regra gramatical que prevalece o masculino quando há destinatários dos dois (???)sexos)

Pela presente encaminho o Memorando no. 1 para sua análise e apreciação.

Não sei se as mulheres desse blog escrevem coisas engraçadas por se submeterem às situações que fazem emergir as pérolas naturalmente ou se estão a se submeter às situações narradas para ter assunto para escrever.
Fato é que as mulheres que escrevem nesse blog são bem mais engraçadas do que eu e os demais ogros que postam por aqui...
Antes que alguém pergunte já respondo: Não, não vou fazer massagem modeladora para incrementar minha verve humorística.

Sem mais para o momento.

Atenciosamente,

Loopy

Censura

A maior censura é aquela que fazemos a nós mesmos.
Não estou falando de atos ou atitudes que tomamos como respeito a liberdade individual de cada um, isso se chama civilização.
A auto censura acontece quando deixamos de dizer, de fazer alguma coisa socialmente aceitável porque achamos que isso irá atingir de certa forma a alguém. O grande problema é quando nos censuramos e a pessoa alvo não dá a mínima pra isso, ou o que é pior, quando ela vira e faz contigo algo muito pior do que aquilo que você em sua prevenção auto crítica bloqueou.
Explico com um exemplo:

Sua namorada vai a uma viagem de trabalho, seus amigos te convidam pra uma choperia pra assistir ao jogo do seu time, Você pensa não falei nada com minha namorada, o celular dela está fora de área, não tem como avisar, vou ficar em casa para evitar que ela se entristeça comigo. Então no dia seguinte você entra na internet pra passar o tempo e vê um post no facebook de uma amiga de trabalho de sua namorada as fotos de um luau muito louco numa praia deserta, e quem é aquela pessoa conhecida no colo de 5 marmanjos????

Essa censura auto imposta ao longo dos anos se transforma em uma prisão, dados os limites imaginários que vamos criando.
Imagino quantos sorrisos deixei de dar, de quantas alegrias fui privado, quantas lagrimas eu teria derramado, quanto eu teria vivido sem essas barreiras. A vida é um acumulo de emoções ímpares e díspares, ao evitarmos o preto e o branco, vivemos numa faixa de cinza, vidas iguais do socialmente aceitável como todas as outras pessoas.
Somos prisioneiros de nós mesmos, não existe carrasco maior que nossa consciência, esse Grande Irmão que nos acompanha até durante o sono, ou na falta dele...

sábado, 5 de novembro de 2011

MASSAGEM MODELADORA - A PEDIDOS - por Daniela Rosenthal

Pois é... esses dias fui pega por uma promoção na net dessas que só alguém muito insone pra adquirir.
A proposta era bacana. Massagem modeladora e manthus. Como era inverno eu associei o seguinte: massagem...hum que delícia...com manthus? Lógico! Manthus-manta-cobertor-BINGO! Is we! É nóis! Comprei pra mim e pra minha mãe de presente. 
Na empolgação do momento, nem olhei onde era a casa das massagens. Quando imprimi o voucher PUATZ! Ai sim Daniela. Vá! Vá vê!
Bom, como era inverno resolvi marcar então as minhas três sessões. Sim, eram três. T-R-Ê-S. Mas claro que não tinha nenhum horário pra antes de 2 meses. Foi quando tive a brilhante idéia de prender o nariz com os dedos em formato de pregador e ligar novamente.
Tinha horário pra ontem. Foi só não mencionar que a compra era de um site de desconto.
Dãrddãrd... Após várias tentativas de conciliação de horários com minha mãe, até que enfim chegou o grande dia do tão merecido repouso.
Chegamos lá, o lá era pra lá mesmo! Lá onde Judas perdeu uma dar botas. A segunda provavelmente. Comecei pelo manthus. Carai véi, que porra é essa? Uma máquina de dar eletrochoques no lugar em que você desejar, segundo te pergunta a controladora do equipamento. Ah sim, e lembra o que eu falei sobre o friozinho totoso? Queridos, era do gel! de arrepiar até os pelos da alma de qualquer pessoa de boa fé ou não.
Escolhi então, para a aplicação do manthus, a bunda! conforme conselho da minha orientadora, a mesma! a que tava no poder.
Começamos então numa velocidade estonteante e romanesca. Mas segundo minha orientadora, menos que isso de nada iria adiantar... os choques na bunda.
Legal! Passando essa sensação era chegada a grande hora. A massagem modeladora!
Encontrei com minha mãe na troca de turno e ela me deu uma piscada que eu não entendi direito se significava "calma filha, vc ainda não viu nada, ou cuidado, ou eu to adorando valeu".
Bom, fui pra massagem. Só aí me dei conta que modeladora e relaxante São 2 palavrinhas bem diferentes. Lembrei num primeiro momento daquele comercial que o cara vai batendo o carro por todos os lados até deixar o mesmo na forma do carro que ele queria ter.
No meu caso acho que a sra massagista queria me deixar roxa.
Agüentei firme e acabando todo o primeiro dia de pacote fui me olhar no espelho e vejam só vocês. Num é que funcionou mesmo? Me transformaram, ou melhor, me modelaram mesmo.
Sai de lá na forma de um vaso. Bem gordo.
Bom, sem desanimar, lembrei que talvez as próximas 2 sessões do pacote seriam pra deixar o vaso
mais fino um pouco.
Passados alguns meses estou eu aqui de novo. Agora sem forma nenhuma, mas...segundo a piscadela da minha mãe, com conteúdo.

MAS SERÁ QUE ELES AINDA ESTÃO VIVOS?

Hoje fui ao shopping passear.
Não é o meu programa favorito, mas fui... comi, bebi, olhei as lojas, comprei, comprei e comprei...
No fim da tarde, já cansada, e passando pela última caixa registradora, olhei para minha irmã que me acompanhava, e subitamente me lembrei de que havia deixado meus cachorros em casa, sem ao menos uma luzinha acesa.
Fiquei naturalmente preocupada e iniciei uma conversa com minha irmã ao pé do caixa, dizendo que era melhor voltarmos para casa, pois eu havia deixado as "crianças" sozinhas. É claro que eu estava me referindo aos nossos cachorros, mas à menção de "crianças" e "sozinhas", a mocinha que estava no caixa imediatamente nos olhou, e fez uma cara de reprovação.
Aí olhei para minha irmã e falei que era um absurdo deixarmos as crianças sozinhas o dia inteiro, sem comida e sem luz... Minha irmã, que não perdeu a deixa, já emendou: será que elas estão bem, uma de dez e Pedro apenas com 6 anos (Pedro é o cachorro da minha irmã - isso mesmo: ele se chama Pedro!). Quanto mais desenvolvíamos a conversa, mais a mocinha do caixa parecia desaprovar, interessadamente no assunto. 
Foi aí que me ocorreu a pérola e eu falei: MAS SERÁ QUE ELES ESTÃO VIVOS???
A moça estupefata ficou sem fala. E posso jurar que a vi anotando a placa do nosso carro ao sairmos de lá!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

MEU QUERIDO DIÁRIO - por Daniela Rosenthal

"Meu querido diário,
hoje eu passei por um stress maravilhoso.
O dia passou feito noite estrelada. Estrelas de fazerem cair seu queixo.
Tenho tantas novidades que nem sei por onde começar.
É diário, tem dia que é noite. Daí a noite vira dia, e por aí vai não é
mesmo meu querido?
E assim vamos vivendo, e escrevendo em você pq o soninho demooora a chegar.

Mas você, ah voce é feliz.

Não tem contas pra pagar (fui eu quem pagou por você. Lembra?), não tem celular, não sente raiva nem dó de ninguém. Totalmente alienado. Isso é ótimo não é mesmo bem? Claro que hoje quando digo caderninho, me refiro a um diário eletrônico, ou melhor ainda, a um celular. Sim, pra quem não sabe, agora o diário virou celular.
Pq hj nós temos no mercado: smartphone, iphone, vc, são tantos fones né meu amor?
Que bom, pq senão jamais descarregaria essas palavras a respeito do meu dia.
Então...é isso aí.
Durma bem querido.
Amanhã volto pra te contar sobre o novo dia.
É! Para toda noite há sempre um amanhecer, quer dizer, nem sempre né???
A noite é um feto. E aí ó! Ouviu?
Vai chover e justamente hoje é sábado.
Legal né diarinhuuu!"

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Estereótipos em quatro rodas...

Muitos carros ainda circulam com adesivos que identificam suas famílias, a despeito das recomendações das polícias, e também a despeito de tantos golpistas por aí. Interessante observar as mais diferentes famílias, algumas constituídas por pai, sem mãe, e numerosa prole. A maioria destaca, além das crianças e adolescentes, o cachorro, um ou vários, e o gato. Às vezes o passarinho, às vezes o aquário.
Nesta manhã, durante o percurso razoavelmente longo entre minha casa e meu trabalho, segui atrás de um carro que exibia os ditos adesivos. Três crianças: um garoto negro e duas garotinhas brancas. Dois cães, um claro, um escuro. Chamava à atenção as roupas das crianças, já que os adesivos eram coloridos. As garotas, de vestidinho rosa, como dita o figurino tradicional. O menino, de camiseta amarela e calção azul, clara alusão ao uniforme da seleção de futebol.
Ainda que garotos habitualmente vibrem com o futebol, convenhamos, a seleção brasileira não está lá com a bola toda. E por que ele não estava vestido de azul, a cor padronizada para o sexo masculino? Ou calção branco e camiseta vermelha, por exemplo? Será possível que, por ser negro, só lhe reste o futebol?
Quiçá não seja eu a preconceituosa, mas uniformes, temos vários e mais interessantes (exceto é claro, se a questão envolvida for o salário), bombeiro, policial, médico, astronauta. Jogador de futebol, francamente...

sábado, 22 de outubro de 2011

PALAVRINHA COM D'US... - por Daniela Rosenthal

Hoje fiz uma coisa que há muito tempo
não fazia.


Conversei com D'us!


Falei sobre
coisas que até Ele duvida.
Não tive coragem de pedir nada material.
Apenas pedi proteção para algumas pendências
que não me deixam dormir...
Nem são pra mim, quer dizer, indiretamente são.
Uma das coisas que pedi foi proteção aos dentes
de uma prima. É que sou eu que trato deles mas
esses dentes assim como minha prima estão numa fase meio rebelde e confesso que vou dormir já
pensando na hora
que eles vão me ligar de manhã...
Outro assunto que abordei foi uma relaxada em meus tocs.
Um deles por exemplo, é esse de eu tornar pública
essa conversa que era só entre mim e Ele.
Mas daí lembrei da música do Gilberto Gil, e pensei... se ele descreveu toda sua maneira de se dirigir
à Ele, e está bem, creio que não vai acontecer nada comigo.
Talvez realmente não vai acontecer "nada, nada,nada, nada...
do que eu desejava encontrar", mas se os dentes da minha prima, o vazamento em
meu consultório novo, a minha gordura e algumas outras porradas de merdas que
me assombram ultimamente não me deixarem em paz, aí vou
ficar com um toc desgraçado porque vou ter
certeza que o motivo foi o vazamento de informações
sobre esse meu particular com Ele, conversa essa que era pra ser somente entre mim
e Ele. Me perdoa D'us? É que eu precisava externar
essa minha palavrinha com o Senhor com mais alguém.
Me perdoa tá?
Ah! Queria agradecer por me ouvir.

Sei que não deve ser nada fácil para alguém com
tantas vidas pra cuidar, sentar e ouvir
uma pessoa que jamais deveria reclamar de nada.
Mas é que é a minha prima sabe...
acho que vais compreender.
Lembrando só daquele último detalhe,
não me passe na frente dos animais hein?
Prefiro que resolva os probleminhas deles antes, lógico.
Eu disse que eu prefiro? Aiai, quem sou eu pra preferir alguma coisa
diante de Ti...
Desculpe D'us.
Fui!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Reescrevendo a história

Hoje à tarde tive uma discussão interessante com minha cara-metade. Polêmico que é, afirmou que Steve Jobs nada tinha de genial, era tão somente o chefe que usurpava o trabalho alheio. Uma vez afirmou categoricamente que o Aleijadinho não poderia ter produzido todas aquelas preciosidades, talvez fosse o mentor da oficina. Estejamos de acordo ou não, ele é bastante ácido e contumaz, além de algo sui generis.
O que realmente importa é que geralmente ele tem razão. Por exemplo, ainda há alguém a acreditar que D. Pedro realmente escreveu o Hino à Independência? Ora, pois pois...
Fosse D. Pedro II, este intelectual, isto seria plausível. Mas o primeiro, francamente... Então me ocorreu que D. Leopoldina talvez o tivesse feito. Leopoldina era filha da Casa de Habsburgo, uma das mais antigas dinastias européias. Nobre que era, oriunda do Império Austro-Húngaro, criada sob o teto majestoso do palácio de
Schönbrunn, amava a botânica e mineralogia, características não muito comuns à casa de Pedro de Alcântara, com quem (certamente) se casou por procuração.
Erudita que era, cansou-se logo das terras a que veio com o marido. Um tédio só. Profundamente educada, escreveu várias cartas de conhecimento público. E não foi só isso. Sem ter o que fazer, apoiou o marido como Imperador do Brasil, conquista mais do que esquisita, já que ele acabaria também com o trono de Portugal como D. Pedro IV.
Então ela o compôs! Bem verdade que adorava o marido. Até o dia em que, farta de suas estripulias conjugais, ameaçou requerer os créditos ao hino. O nobre imperador não suportou a iminência de traição e, num golpe premeditado, planejou o cabo da esposa enquanto se situava no sul do país a pretexto de inspecionar tropas, em razão da guerra da Cisplatina.
Tudo o mais é história
.

domingo, 16 de outubro de 2011

PASSARINHOS RADIOATIVOS

Mais um dia de chuva... e bem no domingo!
Pensando com mais profundidade até que isso não é tão ruim, já que a chuva é uma bela desculpa para não fazer absolutamente nada e ficar em casa sem o menor peso na consciência. Afinal de contas, está chovendo! e muito!!
Bom, depois de ler quase todas as pendências bibliográficas que me aguardavam na cabeceira da minha cama e de explicar ao meu cachorro, em um bom e claro português, que ele não pode sair porque está chovendo... (sim, porque um dia resgatei com minha irmã um cachorro perdido que só falava francês!, o que viemos a descobrir com muito custo. Após esgotarmos todo o nosso vocabulário canino, um conhecido do cachorro veio nos dizer com a maior naturalidade do mundo: "mas esse cachorro é do fulano de tal" - um francês! e com umas poucas palavras de um tosco francês finalmente nos entendemos com o rottweiler e o devolvemos ao seu dono)... mas, voltando...
Após usar toda minha psicologia para convencer meu cachorro de que não íamos sair, resolvi encarar um pouco do ar frio desta manhã e observar os passarinhos radioativos que habitam o meu quintal. Foi muito difícil ligar os bicos verdes-neon destas criaturas ao pé de abacate que ocupa uma área considerável do nosso pequeno quintal. Ninguém botou muita fé no carocinho de abacate com folhas, tão bonitinho há 12 anos, e fomos deixando ele ficar no meio do quintal até quando já era tarde demais. Hoje em dia, na época da colheita, recebemos as visitas aqui em casa com aquela roupa de motocross, de capacete e tudo. A abacateira tepeêmica furiosamente ataca a todos lançando abacates tão pesados quanto verdadeiras bolas de boliche, por sobre nossas cabeças. Ainda bem que todos os bichos que habitam nosso quintal estão habituados ao comportamento instintivo desta bonita árvore... nunca tivemos, com exceção de um visitante desavisado, nenhuma baixa!
E agora estou aqui... com meu cachorro boxer, observando passarinhos radioativos no nosso quintal... 
A chuva apertou, os livros se consumiram em leitura e os bicos verdes dos passarinhos me fazem viajar para outros mundos onde criaturas devem nascer realmente desta cor...
Ah! E acabaram de ligar do hospital para informar que nosso amigo - aquele da abacatada na cabeça - está de alta! Que alegria!!

sábado, 8 de outubro de 2011

O MAIS NOVO SITE DE RELACIONAMENTOS

Reunião de mulheres sempre resvala sobre o mesmo batido e resignado assunto: homens.
Pois é. Ontem estávamos conversando, eu, minha irmã e mais algumas mulheres das faixas etárias mais variadas, quando o assunto resvalou para o óbvio.
E dentro deste óbvio, os sites de relacionamento não poderiam ficar de fora. Vocês vão pensar que eu mantenho esta idéia fixa - sites de relaciionameeeeennnnttttooooosssss... Mas não é verdade. Não tenho sonhado com isso. O problema é que como fonte inesgotável de recursos literários para este blog, não posso deixar de mencionar este assunto porque ele sempre rende boas risadas.
Bom, após colocar na mesa algumas de nossas bizarras experiências com relacionamentos virtuais, resolvemos por fim criar nosso próprio site de relacionamentos: o www.merdsinthebosts.com - valeu Mary!
Acredito piamente que será um sucesso! E no momento estou aceitando sugestões para propagandas!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

EU E A SURVIVOR...

É chegado o grande dia.
Após meses de sofrimento reprimido, finalmente DESPEDI A GREGA!
Não pensem vocês que foi fácil. No fundo, mas bem lá no fundo, eu até que gostava dela. Tirando a parte profissional, era uma boa pessoa, honesta. Um dia deixei 4 bolachinhas de chocolate para comer após o trabalho. Cheguei em casa com o pensamento focado nas bolachinhas - até os botões do elevador assumiram formas de bolachinhas de chocolate. Fui sedenta ao pote e, qual não foi minha surpresa ao abri-lo: v a z i o!!!! Como só a grega havia habitado meu apartamento naquela semana, liguei babando e cuspindo fogo para o celular dela às 20 hs, muito além de terminado seu turno aqui em casa (turno este originário de criação da própria grega, que ia aproximadamente das 11:00 às 12:30 hs! Turnão!). E ela atendeu! E eu gostaria aqui de descrever minha cara de estupefata ao receber a resposta para a seguinte pergunta: C A D Ê  A  M I N H A  B O L A C H A?? Desse jeito mesmo, pausadamente, para não perder a calma e iniciar uma crise histérica. No que ela, com a maior naturalidade respondeu: "eu comi". Coitada, chegou às 11, quase na hora do almoço, e comeu A MINHA JANTA composta por 4 (quatro!!) bolachinhas. Que fofa!
É... ela era no mínimo honesta.
Mas a gota d'água foi semana passada, quando ela resolveu lavar todas as roupas de cama lá de casa sem a mínima necessidade. Detalhe: ela só lava, NÃO PASSA. Adivinha quem passa??? Rá!!
E aí, semana passada, ao chegar em casa e visualizar toda aquela roupa amassada, meu aspirador de pó quebrado (aspirador ruim! não aguentou nem a aspiraçãozinha de uns rebocos da obra aqui do prédio que caíram no meu quintal... segundo a grega: "nada demais")... bom, somente aí, foi que eu desenvolvi uma estranha Síndrome de Tourette. Eu estava lá, quietinha, e de repente minhas memórias samotrácias me faziam gritar os mais horrendos palavrões!
Achei melhor mandar a grega embora... até sinto falta dela, mas melhorei da Síndrome. To ótima!
Agora estou em casa, só eu a Survivor, a minha planta.
Já que não posso ter cachorros, tenho a Survivor, que resistiu à reforma aqui do apartamento, à grega, e segue firme e forte, às vezes com mais, outras vezes com menos folhas. Ela é feia, mas é uma vencedora... highlander! E eu admiro esse poder de vencer que reside nela.
Até o momento não temos nenhuma grega em foco para substituir a antiga... somos só nós duas, eu e a Survivor!
Por ora, melhor assim.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A VACA DA MARGINAL

Sei que tenho uma imaginação criativa. Que sou imaginativa. Enfim, que às vezes devaneio em idéias absurdas. Sei de tudo isso.
Pois bem. Ontem, em meio a um engarrafamento colossal, me peguei a pensar que ninguém nesta cidade olha para cima. É! Isso mesmo. Ninguém tem o costume de olhar para cima. As pessoas só enxergam um palmo à frente do nariz, e olhe lá!
Após infinitos minutos no trânsito resolvi que era hora de apreciar melhor nossa cidade. E olhei pra cima... E foi então que eu vi!
Uma vaca!!! E ela estava lá, com 4 chifres, pendurada da cintura pra fora de uma cobertura em plena Marginal do Rio Pinheiros.
À princípio fiquei desconcertada, pensando se havia realmente visto certo, mas ela estava lá, observando o trânsito caótico, em plena 4a feira a tarde.
Eu sei que o trânsito altera nossas idéias, além do fato de eu estar febril naquele dia, mas tenho certeza de que realmente vi!!
E para finalizar só me resta fazer um último apelo: quem passar pela Marginal do Rio Pinheiros, vindo da Juscelino, em direção à ponte da Rebouças, faz só o favorzinho de dar uma olhadinha pra cima e ver se enxerga a porra da vaca! Só pra eu ter certeza de que não estou pirando.

domingo, 18 de setembro de 2011

Humanizando...

Humanizar – verbo que significa tornar humano; tornar razoável; suavizar, segundo dicionários e arquivos, verbo que não pode ser mais erroneamente empregado.
Fala-se muito, há mais de uma década, em “humanizar” o parto. Melhor seria animalizar, pois apesar de alguns defenderem o emprego de anestésicos, outros advogam que isto seria desnecessário. Em maternidades públicas, a morfina está disponível há muito pouco tempo, na maior parte do território nacional.
Apaga-se a luz (como será que o obstetra procede à episiorrafia?), o pai acompanha o nascimento (seria belo se alguns pais tivessem ao menos noção do que é uma sala cirúrgica) e, em certas maternidades, quem dá o primeiro banho é a mãe. Isso mesmo, a mãe, depois de seis horas. Enquanto isso, o infeliz recém-nato é limpo com panos, superficialmente, exceto se recoberto por mecônio.
Os defensores desta barbárie pregam que nenhuma cria é separada da mãe ao nascer. Engraçado, sermos comparadas às vacas ou cadelas. Amo animais, no entanto isto não me faz querer ocupar suas peles.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"BULLYING ELETRÔNICO"

Recentemente adquiri alguns aparelhos eletrônicos, sonhos de consumo há muito desejados. Nunca fui boa com coisas eletrônicas, mas já que todo mundo está se informatizando, não custava também tentar.
Tudo bem que sou dotada de alguma intuição virtual, o que faz as pessoas pensarem que posso entender alguma coisa no que diz respeito ao funcionamento de relógios e computadores. Aqui em casa quando alguma coisa pára de funcionar, em primeiro lugar me chamam. Eles pensam que eu sempre saberei como consertar. O fato é que em 99,9 % dos casos eu não faço a mínima idéia de como sanar o problema... Tenho essa mania de apertar vários botões, às vezes alguns ao mesmo tempo - afinal tenho 5 dedos em cada mão né?! - o que faz com que, misteriosamente, vários aparelhos voltem magicamente a funcionar.
Bom, em segundo lugar, quando invariavelmente não consigo fazer os eletrônicos voltarem a vida, o pessoal chama o filho do vizinho. Um garoto... de 8 anos! E ele sempre arruma tudo. Tenho de confessar que isso mexe com a minha auto-estima. Mas o garoto é eficientíssimo, então fico quieta e não falo nada. Melhor assim.
Hoje é sexta-feira e estou cercada por todos os aparelhos eletrônicos que adquiri recentemente, inclusive este iPad no qual digito. E eles NÃO CONVESAM ENTRE ELES! Estou descobrindo isso após muitas horas de dedicação, tentando fazer essas porras falarem umas com as outras. Pô! Eles, os aparelhos, deveriam conversar! É tudo eletrônico, têm a mesma origem, NÃO TÊM???
E descubro da maneira mais dolorosa que o iPad detesta o telefoninho da Samsung, que por sua vez também não conversa com o PC de marca ignorada que temos aqui em casa. Simplesmente viram as costas uns para os outros, fazendo com que eu gaste horas preciosas copiando manualmente informações necessárias a minha sobrevivência. Chego a pensar que isto é intencional. Tenho certeza de que o telefoninho está dando risada da minha cara ao se recusar a fazer o que estou pedindo há horas!
O pior vem agora: O FILHO DO VIZINHO VIAJOU!!!
E eu aqui, em plena sexta-feira à noite, sofrendo um bullying eletrônico!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

AS PESSOAS QUE CRUZAM NOSSA VIDA... OU, COMO ENTRAR PARA A HISTÓRIA!

Imagine agirmos como locutores ou âncoras de programas televisivos para cada vida que toca a nossa própria vida. Você cruza ou esbarra em alguém na rua e vai logo dizendo: "ooooooooooiiiiiiiiii" daquele jeito animado e com os olhos arregalados.
Por que os apresentadores - em geral - estão sempre tão animados? Eu queria muito saber o que eles tomam no café-da-manhã para agirem dessa forma tão peculiar.
Mas o que eu queria mesmo era falar sobre as pessoas que cruzam nosso caminho. Às vezes as conhecemos, outras vezes não. Já me peguei em diversas ocasiões tentando gravar a fisionomia de uma determinada pessoa que atravessa a rua na frente do meu carro, para me lembrar disso se algum dia eu a vir de novo... Nunca deu certo, sou péssima fisionomista. Não consigo me lembrar nem das pessoas que acidentalmente atropelei.
A questao se resume em: o que faz as pessoas estarem na mesma hora e no mesmo lugar, compartilhando experiências únicas?
E aquelas que saem em segundo plano nas nossas fotos de viagem? Eu sempre tento reparar nas pessoas que aparecem nas nossas fotos. E ultimamente tenho reparado em pessoas que aparecem em segundo plano de fotos históricas. Imagina você reconhecer seu avô numa foto jornalística, de uma festa de rua qualquer, ou de um desfile de 7 de setembro num ano qualquer da década de 60...
Imagina, você aparecer no plano de fundo e ficar para sempre registrado na história.
Eu, que não tive filhos, nunca plantei uma árvore (porque alguma força obscura fez o meu ipê amarelo sumir do vaso ao completar 10 meses de vida!!, mas essa é outra história), e por fim, não escrevi um livro, tenho minha chance de entrar para a posteridade aparecendo em fotos alheias! Visualiza aí, daqui a 300 anos, os caras levantando um arquivo histórico e dando de cara com a minha imagem bem lá, no cenário fotografado!... Eles podem não saber de quem se trata, mas que eu vou estar lá, eu vou!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

VIVA OS ORNITÓLOGOS!!

Hoje vou dedicar algumas poucas palavras aos ornitólogos.
Em primeiro lugar, puta que o pariu! Como é difícil essa profissão, hobby, ou o que quer que pense a pessoa que resolve observar um passarinho. A menos que seja um condor, ou uma ave de grande compleição física, é quase que impossível seguir os passos de um animal que voa.
Olha, eu sei que muita gente deve ter visualizado um morcego nessa hora e, embora seja impossível acompanhar o vôo desse bicho, munido de um simples binóculo - porque eu já tentei! - o ornitólogo se safou dessa dificuldade. Morcego para quem não lembra, é mamífero!
Esse texto na verdade é para parabenizar os ornitólogos. Eles poderiam sim, e com muita propriedade, observar também os morcegos, pois devem ter uma experiência tal com a velocidade com que essas porras se movem, que um morceguinho simples deve ser fichinha para o olhar treinado desses estudiosos dos pássaros.
O ornitólogo tem um dom! As sinapses cerebrais desses caras devem ser pelo menos duas vezes mais rápidas do que as nossas, dos simples mortais.
Vou explicar a minha súbita admiração... Estou de férias, sem nada para fazer, nadinha mesmo. E aqui perto de casa tem passarinho a dar com o pau. Hoje eu pensei... Por que não fazer algo diferente? Peguei minha cachorra e juntas resolvemos observar os pássaros. Fizemos uma programação, eu e a minha cachorra, e retiramos os urubus do roteiro - muito fácil ver urubu, já que fizeram um ninho no telhado do vizinho bem em frente a minha janela e todos os dias vem um casal deles alimentar os filhotes. Um casal de urubus, que fique bem claro que não é o casal de vizinhos que mora aqui em frente - O CASAL É DE URUBUS!
Bom, fomos até a pracinha, sentamos no banquinho, eu com meu binóculo e, esperamos. E vou te dizer: você ouve os porras fazendo barulho, mas é impossível ver! Não da pra saber qual barulho pertence a qual criatura. E após uma tarde inteira de um irritante imobilismo observante a única coisa que eu poderia te jurar é que ouvi um esquilo piar. A minha cachorra, que não me deixa mentir, está aí pra confirmar tudo isso! Pode perguntar pra ela.
E em primeiro lugar quero que fique bem claro que EU VI UM ESQUILO!
Em segundo e último lugar, eu tenho quase toda a certeza de que ele piou!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

SITES DE RELACIONAMENTOS - A SAGA

E novamente estou aqui para reclamar mais um pouco dos sites de relacionamentos.
Mas desta vez é um serviço de utilidade pública.
Tendo em vista as últimas ocorrências de quem ainda insiste neste formato para conhecer pessoas, preparei aqui um modelinho para evitar aborrecimentos. Aí vai:
"Meu nome é xxxxxx.
Estou à procura de um companheiro para dividir coisas boas e ruins.
Gosto de me divertir, o que inclui beber socialmente.
Procuro pessoas livres, felizes e de mente aberta, dispostas a aprender e experimentar o que ainda não conhecem.
Amo a PAZ."
Bom, lá onde está escrito "par ideal" vc vai e escreve:
Obs 1: se for um site étnico, em primeiro lugar, lembre os demais pretendentes de que você entrou no respectivo site à procura de pessoas que sigam os preceitos étnicos do mesmo. Se não fosse importante, você não estaria num site étnico!
Então num site de relacionamentos russo ortodoxo, você deve iniciar dizendo: "se você não for russo ortodoxo, por favor não me faça perder tempo". Se continuar a ser aborrecida por fetichistas, você pode ameaçar dizendo que conhece todas as lojas de fantasias da cidade e que não será difícil descobrir onde o figura conseguiu se fantasiar de russo ortodoxo, grego, japonês, judeu, o que for.
Continuando, lá onde está escrito "par ideal" você escreve (logo após frisar a parte étnica do site):
"Se você ė doido, me esqueça.
Se você faz uso de qualquer medicação tarja preta, tem delírios de grandeza, muda de humor com facilidade, sua conversa não é comigo.
Não sou psiquiatra.
As pessoas são diferentes, e nem todos pensam como você. Se não for respeitar meu ponto de vista, nem comece.
Não tente me converter para a sua religião! Procuro um companheiro e não um evangelizador.
Tenho facilidade para acreditar nas pessoas, então se você gosta de enganar, mente ou mora com a mãe, tô fora.
Esteja empregado! Não tenho vocação para sustentar marmanjo.
Eu gosto de cachorros (o bicho, que fique bem claro)! Se você não gosta, também tô fora.
Ninguém sabe tudo e você não está sempre certo. Não chute e nem dê opiniões sobre o que não sabe - é ridículo. Se você não sabe, se informe pelo amor de Deus!
Se você for do tipo 'ignorante' que demonstra sua superioridade mudando o assunto para terrenos seguros ou menosprezando o que o outro sabe, 'do tipo não sei e tenho raiva de quem sabe', guarde sua idiotice para outra garota que tenha a devida paciência para agüentar gente bronca.
No mais não vou me alongar. Preenchendo os requisitos, pode me escrever que ficarei feliz em responder sua mensagem."
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Dica final: se você não quiser escrever nada disso por ter ficado muito extenso, escreva somente "Se você ė doido, me esqueça!!"
Pra bom entendedor, meia palavra basta.
Sem mais, subescrevo-me.

sábado, 27 de agosto de 2011

POSSIBILIDADES

Há 1 ano, por motivos que fogem ao meu controle, tive de alterar minha rotina. Algumas coisas ficaram no stand by, outras desapareceram, outras simplesmente parece que nunca existiram.
As mudanças vieram sob vários aspectos, mas o mais relevantes deles foi a necessidade de simplificar.
Sempre fui simplista em minhas convicções. Penso e faço, e com pressa, para aproveitar ao máximo o tempo que tenho disponível. Se quero ir ao inferno, vou lá e compro a passagem - simples assim!... É claro que nem sempre dá certo. Aliás, em 50% dos casos dava bem errado, o que equivalia a gastar o pouco tempo disponível e uma quantidade enorme de energia em projetos destinados ao fracasso.
O que me confortava nessas jornadas, tanto nas que davam certo quanto nas que davam errado, era o otimismo que sempre me acompanhou. Nunca penso no que pode dar errado, o que me faz entrar de cabeça em projetos absurdos. Bom, tenho de admitir que não deixa de ser divertido, embora às vezes me tome uma energia desproporcional e me deixe a ver navios, frustrando minhas expectativas mais prementes.
A falta de tempo sempre foi uma constante em minha vida. A cultura na minha profissão implica em preenchermos todo e qualquer espaço disponível no nosso dia a dia. Isso até ficarmos doentes. Aí tudo muda. Levamos broncas e mais broncas de todos, dizendo que devemos ter mais tempo para nós mesmos, que devemos nos cuidar, praticar esportes, comprar roupas bonitas e usar pó de arroz.
Foi o que aconteceu.
Em fevereiro renasci. Meu cabelo começou a crescer, e eu me senti como quando era pequena, com um mundo de possibilidades se abrindo a minha frente. Me livrei de tudo que não apreciava, simplifiquei!, fiz as pazes com pessoas as quais não valia a pena brigar, e me senti como num teatro da vida, na coxia, esperando as cortinas se abrirem para uma vida nova.
O mundo é o mesmo, mas eu enxergo as coisas diferentes. Reestruturei meu dia e meus horários, e agora pratico exercícios. Tenho um dia livre na semana para gastar MEU dinheiro com futilidades... e me sinto bem fazendo isso!
Mas devo ressaltar que as coisas boas em mim permaneceram, o meu otimismo com projetos malucos e a minha disposição em gastar energia a toa também estão aqui. A diferença é que as idéias não grudam mais em mim como antigamente. Consigo me livrar do que me faz mal com muito mais facilidade que antes, e, quando isso acontece me vejo novamente na coxia... com um mundo repleto de possibilidades a se abrir junto com as negras e altíssimas cortinas cerradas bem em frente ao meu nariz!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Gente feliz e descomplicada

Gente feliz é assim.
Ao encerrar minhas atividades laborais nesta quinta-feira, tomei uma via pouco usual. Tinha sido um dia pouco comum. Enquanto dirigia, tráfego não muito intenso, escutava calmamente uma canção de Melody Gardot quando uma letra bem conhecida da música popular brasileira, literalmente em alto e bom som, fez uma curva de noventa graus em meus devaneios.
Que ninguém me pergunte “qual era a música”. Alguma coisa agradável, sem muito a ver com o boteco de onde ela eclodia. Não era música ao vivo, não. Alguns homens na calçada bebendo cerveja Skol. Desde que estivesse gelada, tudo estaria perfeito. Isso é que é happy hour.
Girei novamente minha atenção, agora para alguns amigos bem queridos, mas que só tomam vinhos de safras nobilíssimas em taças de cristal que não façam feio em qualquer recepção do Itamaraty.
E aqueles homens estavam comendo alguma coisa. Olhando com mais atenção, o farol já por abrir, vi mulheres também, várias pessoas em uma mesa na parte interna. Certamente não comiam foie gras (eu também não como, pelos princípios ecológicos e pelo paladar). Torresmo, batatinhas, bacon, frango frito? Não importa. Todo mundo alegre, sem pensar muito no chef, na qualidade superior do ingrediente, na acidez do azeite (haveria azeite de oliva por lá!?).
Farol verde, baixei o vidro, sorvi a música (perdão, Melody), ouvi algumas boas risadas de brinde e arranquei. Cheguei à casa, marido no trabalho (céus, por que não fui à academia?)...
Gente descomplicada vive melhor.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

UMA, DUAS OU TRÊS VIDAS?

É interessante como as coisas mudam.
Essa dinâmica da vida sempre me fascinou.
Um dia um professor me disse que não se pode aventar hipóteses para o passado. O que passou passou, e não adianta nada ficarmos imaginando como tudo teria sido se alguma coisa fosse mudada no decorrer dos acontecimentos.
É tudo verdade.
Mesmo assim, não posso precisar quantas vezes me flagrei pensando em como seria a vida se ao invés de colocar o cavalo na frente da rainha, trancasse o mesmo na torre e deixasse que lhe crescessem os cabelos.
Estórias à parte, devo confessar que se vivesse novamente a minha vida, faria tudo de novo. Talvez eu fizesse com mais leveza, talvez não sofresse tanto, mas que eu faria, eu faria! Não mudaria nada, mesmo porque muitas vezes me culpei por situações que não tive realmente culpa. Faria tudo de novo com muito mais segurança.
Ainda assim, me prendo ao jogo lúdico de trocar as peças no tabuleiro e fugir de barco com meu primeiro namoradinho, como um dia planejamos, numa noite cheia de estrelas de um verão alucinante.
Precisaria aí de três vidas, porque se eu tivesse uma segunda chance repetiria esta vida... e com muito menos culpa!!!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Putz Putz Putz Mall

Depois de uma longa data finalmente veio inspiração para a minha primeira postagem.
Eu não sei se o público feminino aqui é predominante, mas eu sei que não é absoluto, afinal de contas na maior parte do tempo venho até aqui para ler.De qualquer maneira acho que todo mundo terá alguma identificação com essa minha singela reflexão.
Eu conheço um sujeito que diz que não há nada melhor no mundo do que comprar no Walmart nos Estados Unidos.O comprador entra, pega o que quer, paga e vai embora.Em alguns casos existem até compras casadas que atendem ao cliente mediano, que não gosta de ter que pensar ou interagir para adquirir algo trivial como uma camiseta branca, uma cueca e um par de meias.
O citado indivíduo é um sujeito de pavio curto que não tolera vendedores de lojas em geral.
Eu acho que não é exatamente o meu caso. Já fui atendido por vendedores de roupas que me deram explicações e indicações bastante úteis,mas eram vendedores e lojas de uma época que parece ter ficado para trás.
Hoje é impossível entrar em uma loja de roupas que não esteja tocando música eletrônica em volume incômodo ou muito próximo disso, bem como não há vendedores ou vendedoras que ainda não tenham se apercebido de que o fato de saberem seu nome não irá quebrar o gelo e fazê-lo ficar à vontade para fazer suas compras.Antes de esbravejar,um último detalhe...eu sou aquilo que as pessoas chamam carinhosamente de ogro, tenho constituição física grande, estou gordo e mal tenho tempo para respirar, que dirá passar uma tarde num shopping comprando roupas.
Agora vou esbravejar.
Putezgrila será que não existe uma porcaria de loja que ao invés de dar um treinamentozinho de vendas mequetrefe ensine os vendedores à respeito de tecidos e roupas, mas também e principalmente à respeito de gente? Eu procuro uma loja para comprar roupas e não para fazer amigos.Talvez isso até agrade o público feminino ou gay, mas não a um prejuízo de churrascaria que nem eu.
Até em loja de terno toca o tal bate estaca e os vendedores e vendedoras trabalham como se estivessem numa rave celebrando com os amiguinhos e amiguinhas.
Rabugento?Eu não acho que estou pensando e me comportando como um velho chato...só estou com a sensação de que os fashionistas (essa é para você Rosenthal) e marqueteiros que tomaram o comando do negócio empurram goela abaixo um modelo atendimento que interfere negativamente na percepção e no discernimento do comprador e que ao contrário do que esperam me fazem comprar menos... eu não compro o que não entendo e quando eu entro nesses lugares não vejo a hora de sair....para não falar em um outro pequeno detalhe...a estatura da população brasileira aumentou e a modelagem das roupas encolheu...eu não tenho porte para comprar roupas na tradicional camisaria Varca que atende o gordo elegante, mas outro dia desses entrei numa loja que me mostrou uma camisa Extra Extra Grande que não cabia nem em um amigo meu que é o legítimo filet de borboleta.Isso derrubou minha tese de que preciso fazer dieta e exercícios...nem com isso eu vou caber...tá na hora de ir para Miami!!!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O livreiro

Há alguns dias tenho me surpreendido saudosista, mais do que o normal.
Faz alguns anos - quando ainda freqüentava os bancos da faculdade, adquiria os livros necessários, os recomendados e os nem tão imprescindíveis assim, na livraria Centro Médico. Havia, é claro, outras livrarias nas dependências da faculdade, e também podíamos comprar por telefone.
Os preços nem variavam tanto. O que me impelia a entrar sempre na mesma livraria era o proprietário, Sr. Manoel. Apesar da fama de elevar preços, garanto que “seu” Manoel nada tinha de mercenário. Barganhava conosco, aceitava livros quase inúteis como parte do pagamento, facilitava as condições e ainda era bom de papo. Meio filosófico, diria.
O tempo passou, anos voaram e retornei à faculdade, agora como funcionária pública. Seu Manoel já não habita em nosso mundo, e sua viúva herdou a livraria. Segue com a mesmíssima política, ganha os clientes com simpatia e recolhe, às escondidas, os animais do pátio, alimentando-os e abrigando-os em seu espaço.
Ocorre que reformas são mandatórias. Um novo prédio está em construção, e o antigo deve ceder lugar às improvisações. Desconheço a autoria de tão brilhante projeto que, dentre outras pérolas, destruiu o exíguo estacionamento. No entanto, a façanha mais marcante foi a tentativa (vã) de desabrigar a Flor e sua livraria. Flor é o nome da senhora que nos atende, a proprietária, que dispensa funcionários em razão de sua margem reduzidíssima de lucros.
Feito um abaixo-assinado, o sucesso foi assegurado. Flor continua onde está. Em memória de seu Manoel, uma pequena mas representativa vitória a todos.

domingo, 3 de julho de 2011

História da vida real - as férias de Narcisa

Poucos verbos expressam com tanta veemência seu significado como ‘viajar’. Quero dizer que isto implica em sair de órbita, curtir o diferente e o novo e, sim, enfrentar alguns contratempos.
Muito recentemente estive na Grã-Bretanha, e mais especificamente na Escócia. Não fui à procura do monstro do lago Ness, a Nessie (claro que o monstro é feminino), no entanto a encontrei.
Chama-se Narcisa, é bastante madura, ou deveria sê-lo, de nacionalidade vizinha à nossa e afeita a falsas intimidades. Saliento que já me senti solitária e insegura por diversas vezes, mas felizmente não sofro de transtorno de ansiedade generalizada. Narcisa sofre, e seria trágico se não fosse cômico.
Procurou com suas próprias mãos um país de língua inglesa sem o menor domínio. Revoltou-se porque os nativos não compreendiam seu idioma. No embarque para Edimburgo literalmente parou o trânsito, no momento em que foi detida com xampu e condicionador de cerca de 200 ml cada um em bagagem de mão. Aos berros, proclamava em sua língua natal que estava sendo afrontada. Pagou multa, trinta e cinco libras a menos. E embarcou os malditos frascos em seu devido lugar.
Alguns dias depois estávamos em Glasgow e a madame contratara a mesma empresa para trasladá-la até o aeroporto. Começou o enredo de novela mexicana, embora esta não fosse sua nacionalidade. Deu ordens a não mais poder ao motorista, eficiente senhor paquistanês. Sempre em seu idioma incompreensível para ele, mas não para mim. Invadiu o assento do motorista desconsiderando a mão inglesa. Sentou-se ao lado do motorista, mesmo diante de um assento disponível no banco de trás, para escândalo do condutor. Falava a não mais poder, até quando aquele senhor deu graças aos céus por ter tocado seu celular (na Escócia não é proibido usar Bluetooth à direção). É claro que a maluca imaginou que ele tivesse iniciado uma interessante conversa com ela. Não adiantou gesticular: acelerando bastante, em franco desespero, o dono do veículo nos deixou no aeroporto, aliviado.
Narcisa desceu do carro e não fechou a porta. Pragejou em alto e bom som porque diabos não estava em frente à entrada do aeroporto. Simplesmente porque era proibido parar ali. Parou várias pessoas na calçada para lhes perguntar onde era a entrada, embora estivesse diante das inúmeras placas indicativas. A princípio ignorou minha presença, eu, que estava ali a acudi-la, até descobrir que o check-in eletrônico era demais para suas habilidades. Aos gritos, sem qualquer exagero, exigia-me explicações. Ocorria que naquele momento eu estava empenhada em assegurar o meu embarque. Uma funcionária correu em seu socorro – ou ao meu – e, ao terminar, para surpresa geral, ganhou um abraço inconveniente (parece que funcionários de aeroporto não esperam por manifestações afetuosas).
Bem, a infeliz passou à minha frente e se encarregou de despachar as bagagens. Foi aí que aconteceu o inexplicável. De repente passou a entender inglês, e muito bem. Cena inimaginável, bradava, cancelado? Como, cancelado? Minha viagem é hoje! Não podem fazer isso comigo! Sapateava e não falava em inglês, naturalmente. Mais uma vez, interrompeu a fila (que mulher de parar o trânsito!). Ao descobrir que não iria mesmo embarcar porque o aeroporto de sua capital estava fechado devido à grande quantidade de cinzas emitidas pelo vulcão Puyehue (do país vizinho ao dela), chorava alto, bem alto. Os funcionários dos guichês ao lado expressavam desde incredulidade até raiva.
Recusava-se a deixar o guichê, mesmo encaminhada para o atendimento necessário às vítimas de cancelamento. Berrava que nunca mais voltaria àquele país. Tudo muito desorganizado, afinal, foi providenciada acomodação, refeições e garantia de decolagem no dia seguinte desde que o aeroporto de destino fosse reaberto. Recusando-se a entender, fiz-me de interprete, confesso que exausta de todo aquele circo. Ao receber o voucher, o show continuou.
‘Meu passaporte! Ficaram com meu passaporte’. Diga-se que o vernáculo em língua inglesa é bastante aproximado. Pode-se ter uma idéia do alvoroço entre os solícitos funcionários da companhia aérea do tal país algoz. Neste momento, sem qualquer piedade, eu, pessoa farta de tudo aquilo, coloquei de forma ímpia minha mão dentro da bolsa da bruxa e tomei a palavra, digamos, com elevação de alguns decibéis em relação à minha fala habitual: ‘seu passaporte está aqui! Aqui! Veja!’.
Pacientemente encaminhei a coisa ao hotel, em frente ao aeroporto. Como errar deve ser inumano, não prestei a mínima atenção ao lhe apontar o hotel Holiday Inn – a louca se hospedaria no Holiday Inn Express, atrás do primeiro. Corri para o portão de embarque e, após passar a bolsa pelos raios-X, dei-me conta, pela janela, de meu erro crasso.
Só espero que madame tenha sido detida, presa, encarcerada pelo escândalo que certamente fez ao descobrir o engano. Tudo culpa minha.
Narciso acha feio o que não é espelho.

sábado, 25 de junho de 2011

A SAGRADA FAMÍLIA DE GAUDÍ

Ontem trabalhei. O dia inteiro. Lavei a alma e esqueci dos problemas. Bom, dos meus problemas, porque os dos outros não deu para relevar.
O fato é que acordei às 6 hs da manhã e saí de casa em meio a uma neblina assustadora, com os faróis do carro ligados e um frio de rachar os ossos, pensando na merda de ter aceitado esse plantão no meio de um feriadão, onde teoricamente eu deveria descansar. Qual não foi minha surpresa quando, ao chegar no hospital, localizei minha vaga favorita no estacionamento vazia! Pensei... até que meu dia não está sendo de todo ruim...
Parei meu carro e, 12 horas depois, retirei do estacionamento uma cópia fiel da Sagrada Família de Gaudí, tamanha a quantidade de fezes de aves diversas. Entendi na hora o porque da minha vaga favorita estar dando sopa.
Mas o meu dia não foi mesmo ruim. Trabalhei, fiquei cansada, e saí de lá num bom humor, renovada, como há tempos não acontecia. E cheguei à conclusão de que tomar uma cagada na cabeça de vez em quando, pode dar sorte.
Peguei meu carro feliz da vida e fui passear com esta obra de arte na Vila Madalena. Atraí olhares! Tá certo que evito pensar nos motivos, mas não passei desapercebida. 
Agora a Sagrada Família está descansando merecidamente na garagem. Vai ficar assim, fantasiada até segunda-feira. E em vista desta experiência pregressa, hoje estou me programando para passar uns minutos embaixo de um aviário. Me parece que dá sorte...

domingo, 19 de junho de 2011

ONDE ESTÁ O HARRY CONNICK JR?

Assim como surge, a novidade desaparece. Por isso pergunto: onde está o Harry Connick Jr?
A nova sensação do pedaço parece ser o Michael Bublé. Não que ele seja ruim. Muito pelo contrário. Ele é bonito, charmoso, canta bem, tem presença de palco. Só não dança... o Harry dançava!
O grande problema é que eles aparecem, a gente curte, canta junto, aprende as musiquinhas e... se apega. Já houve um tempo em que eu tinha tanto medo de perder o Harry Connick Jr quanto eu tinha de perder o próprio Junior, meu cabeleireiro.
Por fim, minha vida deu uma guinada e eu perdi meus cabelos compridos, o que não me deixou nenhuma seqüela sobre o fato de ter perdido o Junior.
Mas o Michael Bublé não vai dar pra suportar... Não que eu esteja apavorada, pois a vida muda e as coisas passam a readquirir importâncias distintas... Mas, no dia em que a mídia soprar para o lado leste e o Michael perder o prestígio, vou querer saber onde raios tem andado o Harry Connick Jr.
E olha que eu ainda nem comecei a procurar o Junior!

sábado, 4 de junho de 2011

ELE SABE! O STEVIE WONDER

Outro dia estava maravilhada com uma velha música do Stevie Wonder onde ele dizia para quem quisesse ouvir que iria amar a mulher para sempre. Achei tão bonito. Enquanto o coro cantava "até o dia virar noite a noite virar dia", ele falava "sempre!!", e lá vinha o coro "até o dia em que oito vezes oito vezes oito será quatro", e ele de novo "para sempre!!". Com uma convicção inabalável.
Fiquei assim, no dia seguinte, romanticamente pensando na música, ouvindo-a por vezes seguidas, coloquei até no modo de repetição automático do meu radinho do carro.
Me emocionei... e fiquei com vontade de compartilhar este sentimento e mostrar a música para alguém.
Mostrei para minha mãe no dia seguinte, não sem antes fazer uma apresentação do montante de sentimentos e da sensibilidade incrível que o artista imprimiu àquela música que mergulhava na profundidade dos meus próprios sentimentos.
Ela - minha mãe - ouviu tudo, minha apresentação, depois a música, e após alguns minutos de silêncio cético ela lançou: mas como é que ele sabe?
E eu passei meus últimos 4 dias pensando nisso: como é que ele pode afirmar isso com tanta convicção? 
A música continua sendo ótima e apesar do meu romantismo quebrado, eu ainda admiro o Stevie Wonder porque ele deve saber!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ambiente & Leitura

Woody Allen sempre nos brinda com seus ambientes habitados, já disseram cinéfilos em consoante com a crítica. Não faz diferença se o cenário é luxuoso, requintado ou modesto. Casa ou apartamento, de imediato se percebe que ali há vida. Na mesa do escritório, no quarto, na sala... um blazer displicentemente posto sobre a cadeira, livros elegantemente desarrumados no living, móveis discretamente envelhecidos .
A Casa Cor, não. Ambientes assépticos, lençóis impecavelmente estendidos, cristais brilhando, nenhuma bagunça aqui ou acolá. Muito raramente um closet sem portas nos armários, para ilustrar o loft do (a) descolado (a). Nenhum livro fora da estante, aliás, para que livro, se não para decoração? Quando muito, para preencher estantes, já que, afinal, algum arquiteto maníaco desenhou tais excentricidades. Estantes repletas, um horror.
Ainda que seja “a” mostra de arquitetura e decoração no estado da arte, a idéia, que tomarei a liberdade de chamar de moda conceitual, é um tanto bizarra. Marcada pela competição acirrada, fogueira de vaidades, recepcionistas nada convincentes aliados a seus sorrisos de comercial de dentifrício, a exposição segue, ano após ano, (mal) imitada por algumas produções locais, nos mais distintos estados e municípios, sem, é claro, a mesma sofisticação, mas com a mesma superficialidade.
Excelência de trabalhos à parte, com seu mérito indiscutível, registro a presença de muitos quadros, muitos espelhos (recostados às paredes, lógico, é a tendência atual), muitas almofadas, muito azul e dourado, mas livros, nada que destoe do ambiente. Talvez estes amontoados de papel encadernado, bastante anti-ecológicos e antiquados nestes nossos dias não inspirem glamour, é, deve ser isso.

domingo, 29 de maio de 2011

Enquanto isso, no vestiário da academia...

Poderia passar uma semana no vestiário feminino, só para observar. O diálogo do dia foi sobre algo assim, emagrecer “do nada”. A beldade tinha perdido vários quilos, sem dieta, nada de exercício (o que ela fazia lá?)... seria doença? Depressão, término de namoro, novo amor? Não!? Então, tá...
Felizmente a moda do “radinho” não veio para ficar. Deitada de costas, ocupando dois terços do banco do vestiário, a garota contava, em alto e bom som, as desventuras eróticas do fim de semana para a amiga. Algo assim, a química não bateu. E ele nem pra ligar no dia seguinte. Que canalha!
Por falar em banco do vestiário, que tal desprezarem as toalhinhas usadas no cesto quase em frente? Que coisa horrorosa, deixarem aquelas coisas suadas em cima do banco. Quase tão nojento quanto colocarem seus tênis outrora brancos sobre nossos assentos. Fico a perguntar como encontraria a chaise longue no living das ditas cujas...
Agora é a vez da sensual. Lentamente, abre a sacola de grife, retira o top justíssimo (melhor não comentar, mas achata o silicone), os shorts curtíssimos, nada de regata e, ao se despir, olha-se demoradamente no espelho. O corpo todo. Sorve tudo o que vê. Uma de nós pensaria certamente em narcisismo, mas não. O mais provável é que tenha lido em alguma revista feminina sobre como é importante achar-se sexy. Então ela se veste, lentamente, dá um sorriso, retoca o batom, usa o splash da Victoria Secret e parte para o ataque, literalmente.
Neste momento entra a mamãe com o garotinho. Uns cinco anos. Várias mulheres em trajes menores, ou até sem nada, recém-saídas do banho. O moleque não desgruda da mamãe. A mamãe não demonstra a mínima pressa em sair de lá, mesmo com o olhar constrangido da senhora que pratica Pilates e já está em cima da hora. A mamãe afinal tem o direito de passear com o rebento. A senhora também tem o direito de exercer seu recato.
E essa agora! A cheinha abriu a mochila e sacou de lá um Big Mac! Bem que eu desconfiava, nunca a vi num aparelho ou numa aula. Ela está sempre lá, na azaração! Comendo no vestiário, pra ninguém ver.

terça-feira, 24 de maio de 2011

OLHA ELES DE NOVO AÍ GENTE!!!

Eles são poucos, a maioria restrita ao seu próprio território e quase ninguém no mundo conhece um... sim, estou falando dos islandeses! Estes gênios do marketing mundial.
Quando pensamos que já vimos de tudo em matéria de publicidade, vem um islandês de nome impronunciável, que coloca nos seus vulcões outro nome pior ainda e de repente, usando toda a força da natureza a seu favor, interrompe a vida de milhares de cidadãos europeus explodindo os céus da Europa.
Genial não?!!
O lance de marketing, a grande jogada está nos noticiários. Acontece que para dar a notícia da fumaceira há a necessidade premente de um cidadão islandês de corpo presente - vai tentar pronunciar o nome do vulcão sozinho... Vai e fica. Porque o transmissor da notícia sempre corre o risco de falar alguma besteira por erro de pronúncia e falar besteira em cadeia nacional não é bacana, nem em islandês!
Há quase 1 ano, quando houve a explosão daquele outro vulcão na Islândia eu já havia levantado essa bola: http://depoiseagora.blogspot.com/2010/05/islandias-revenge.html. Porém, nunca poderia supor que eles atacariam de novo - os islandeses.
Que povo! Que jogada de marketing! Viva os islandeses os gênios da publicidade moderna!
E só para terminar, ainda está valendo aquele ranking social. Quer saber o quanto você é sociável? Me diz então quantos islandeses têm no seu FaceBook! Hein hein? Num país com pouco mais de 300 mil habitantes, conhecer um islandês já é motivo para celebrações. Mas há uma ressalva: NÃO VALE CITAR A BJORK!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Índice de aprovação

Altos e baixos de governos.
George W. Bush obteve um aumento considerável do índice de aprovação ao capturar Saddam Hussein, numa busca sangrenta que envolveu milhares de norte-americanos. No entanto, o déficit fiscal referente ao primeiro mandato, às acusações de invasão inapropriada do Iraque e a queda na especulação imobiliária certamente foram mandatórias para que ele não fizesse seu sucessor.
Barack Obama, com a economia sofrível, e críticas contumazes à sua política externa, conseguiu um momento recente de felicidade aprobatória ao eliminar Osama Bin Laden. Diz a oposição, os republicanos, que esta felicidade será passageira.
A presidente fabricada da Argentina, Cristina Kirchner, estava em maus lençóis, tanto pelo descontrole da inflação, quanto pela questão segurança pública, e desgastes com os vizinhos ruralistas. O aumento da popularidade da cretina foi relacionado com a morte do ex-presidente - e seu marido - Néstor Kirchner. Quando Néstor morreu, Cristina se preparava para voltar a ocupar o cargo de primeira dama, já que as especulações indicavam a candidatura do ex-presidente. Esta teve mais sorte: nem precisou pegar em armas, ou ordenar que o fizessem.
Bem recente é a subida, ainda que sutil, de Nicolás Sarkozy, graças à gestação anunciada de sua bela primeira-dama. Somada à prisão do todo-poderoso Dominique Strauss-Kanh, sua candidatura à reeleição pode deixar de ser considerada aberrante. Ainda ganha pontos Marine Le Pen. Isto é a França, isto é o ocidente.
Lula da Silva, o gênio da política e da politicagem brasileira, conquistou a população tupiniquim ao anunciar a Copa do mundo de futebol em 2007. A fim de evitar críticas ao seu orçamento superfaturado, alegou de forma veemente que o dinheiro empregado sairia dos cofres da iniciativa privada, sem um único tostão de verbas públicas. Mentiu, de novo. E manteve seus índices, graças à população que não vê problema em dizer “nós pega os peixe”.
Madame Dilma não foi premiada, até o momento, com sangue, viuvez ou bebê a bordo. E, muito provável, não o será. No entanto, a briga recém-adquirida com a vizinha cretina pode trazer bons frutos. Longe de criticar los hermanos, foi bastante apropriada a medida que dificulta a importação de carros, dada a dificuldade ou impedimento de entrada no país fronteiriço de produtos verde-amarelos, sejam alimentos, têxteis, eletrodomésticos e até bidês (alguém ainda compra bidê?). Chama a atenção a primeira visita de Dilma Roussef a um país estrangeiro, justamente Argentina, em janeiro passado. De lá para cá, as relações comerciais entre os dois países naufragam, como um casamento. Qual seria a intenção da vizinha? Definitivamente, por falar em casamento, Dilma não precisa seguir ao pé da letra a nova legislação, também aceita no país da cretina, para alavancar popularidade. Não, Dilma, a Cretina, não.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

BONS PROFISSIONAIS... COMO JULGAR?

O mundo carece de bons profissionais. As pessoas tem que ser boas no que fazem.
Já pensou se Bizet tivesse uma Carmen desafinada? Talvez ela nem chegasse ao II ato com vida. Dom José provavelmente a mataria antes de ela tentar o golpe de sedução junto aos ramparts de Séville. Ou quem sabe Escamillo a atiraria aos touros...
Na minha concepção ela não sairia viva da Habanera. "L'amour est un oiseau rebelle"...
Mas às vezes aparências enganam e muito. Temos que levar em consideração todas as variáveis antes de julgar o profissional em questão.
Por exemplo: recentemente deduzi que minha empregada é genuinamente grega! E empregada 'grega' tem de ser um assunto à parte. Como é bom ter uma empregada feliz. Ela tem descendência direta dos deuses do Olimpo, tenho certeza! Todos os dias ao terminar o serviço ela quebra alguma coisa: pratos, vasos... outro dia foi meu joguinho de porcelana do banheiro. Quanta felicidade!
Como posso eu, uma mísera alma, interferir num costume ancestral? Como, meu Deus?!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Brasília (já nasceu polêmica)

Brasília foi construída em ritmo acelerado, durante mais ou menos um mandato presidencial. Possam perdoar-me os fãs de Niemeyer, mas aquela idéia pseudo-democrática de edifícios funcionais públicos e compartilhados... entendo que suas posições stalinistas, que mais tarde lhe renderam um auto-exílio, influenciaram a construção de tais monstruosidades inestéticas.
A propósito, os edifícios com funções similares em Berlim lembram muito os de Niemeyer, um pouco mais antigos. Aquela coisa nada harmônica em concreto. Vale lembrar que a primeira viagem de nosso arquiteto-patrimônio histórico-cultural nacional à Europa incluiu Alemanha e União Soviética, e não por acaso... Alemanha, Europa Central, Rússia, Le Corbusier.
A comparação pode parecer esdrúxula. Berlim é uma cidade moderna, contemporânea, reconstruída no pós-guerra com a preservação de seu patrimônio histórico, sua arquitetura antiga e... um pouco estragada pelas tintas do socialismo. Afinal, era a capital da República “Democrática” da Alemanha.
De volta ao Brasil, a esplanada dos ministérios também não deixa barato. Quanto peso aquele amontoado de concretos. Nada que remeta ao arquiteto amante das curvas suaves, projetor da Catedral de Nossa Senhora Aparecida, na mesma Brasília.
Não dá para ser a unanimidade.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Estômago Bicompartimentado

Descobri que existem estômagos divididos. Alguma coisa, em termos leigos, parecida com compartimentos, que são diferentes do estômago dos ruminantes. Apresentam suas próprias mazelas e podem, inclusive, adoecer quando não são devida e prontamente atendidos.
Depois do jantar, aflora a necessidade de uma sobremesa. Uma fruta, por que não? Uma fruta, também. Não há uma mera carência de doces, há desejo específico por chocolate. Pode ser uma barra simples, amarga, por favor, ou alguma coisa mais elaborada. Sacia-se a fome e no entanto o estômago auxiliar está lá, roncando, grunhindo, exigindo.
Antepasto, prato principal e...chocolate. Às vezes até ocorre a lembrança da celulite, mas o tal estômago compartimentado não se acalma enquanto não recebe seu quinhão.
Alguns dizem que é o cérebro: bobagem, esta necessidade é falsa, não é fisiológica. Outros culpam a cafeína. Vício mesmo, e da pior espécie (alguém já se esqueceu da celulite?). Eu, porém, garanto a teoria da bicompartimentação. Trata-se de uma evidência pois, não fosse assim, o apetite não seria seletivo, bastaria estancar a fome.
Se você, caro leitor, ainda está em dúvida, lembre-se de um princípio físico elementar: dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo. Ora, se o estômago está repleto, como poderia não somente pedir, mas exigir chocolate? É ele, o auxiliar, o dito cujo que às vezes clama por café. E é exatamente este o responsável pela salivação diante dos apelos alimentícios.
Direi a vocês o que a cirurgia bariátrica ainda não contou: o chamado estômago auxiliar é irredutível, não é passível de terapêutica nenhuma e odeia nutricionistas. Pouco está ligando para as anfepramonas. E, apesar da celulite, ele demonstra seu papel extraordinário sobre os receptores serotoninérgicos. Deixa o cérebro feliz como poucas coisas da vida são capazes.

domingo, 8 de maio de 2011

O POVO QUER CANTAR

As pessoas adoram cantar. É uma manifestação natural de quem está feliz, ou triste, nunca se sabe.
O fato é que todo mundo quer cantar.
Já reparou quando alguém chega com um violãozinho numa reunião social? O cara pode não tocar picas, mas todo mundo quer saber qual música que se conhece em comum para iniciar uma cantoria. Fica sempre aquela ansiedade do "você conhece essa? e aquela?" até que quando o cara é muito medíocre mesmo, o violão vira tamborzinho e o povo canta de qualquer jeito.
Cantar é normal, é só incitar, chegar com a idéia, que até mesmo os mais tímidos abraçam a causa - com ou sem acompanhamento.
E já reparou a atitude das pessoas que cantam em grupo? Por que elas sempre se abraçam para cantar? É uma peculiaridade do comportamento humano que sempre me fascinou. Basta alguém entoar um 'cantiquinho' para imediatamente se pendurar na primeira pessoa que chega perto e invariavelmente pegar algum objeto para servir de microfone. Um amigo outro dia se empolgou tanto na cantoria que pegou um espeto de picanha na churrascaria para fazer as vezes de microfone. Não fosse o golpe de esgrima que quase matou um outro comensal, o espetáculo teria sido perfeito! Bom, pelo menos o comportamento dele seguiu todos os preceitos básicos da cantoria amadora. É genético! Tá no nosso DNA. Só pode ser!
Para finalizar, sempre tem os que não cantam... estes por sua vez - e com uma regularidade assustadora! - elaboram coreografias coletivas, com passinhos comunitários, chamando os que ainda se mantém sedentários para uma atividade grupal... já reparou? Só pode ser genético!

HORÓSCOPO

Hoje peguei o jornal e abri na sessão do horóscopo. Há muito tempo eu não lia as previsões para o meu signo haja visto que não acredito nem um pouco em astrologia. O fato é que abri o jornal em uma cafeteria e o horóscopo estava grifado! Fico imaginando o que pode pensar alguém que g r i f a! o horóscopo? O que, meu Deus!!??
Aliás, por que os homens acham que o interesse por astrologia há de atrair mulheres?
É até engraçado isso... minha irmã entrou recentemente num site de relacionamentos onde as pessoas ficam expostas como num menu de restaurante, e me pergunto por que não fiquei surpresa quando alguns pretendentes perguntaram, tentando angariar alguma simpatia, qual é o signo dela? Teve um que até perguntou pelo ascendente? E fico novamente imaginando o que seria um ascendente... ignorância à parte, um ascendente dá margem à milhões de pensamentos impuros - há!
Um aviso aos imbecis de plantão: horóscopo e misticismo não atraem mulheres... e para finalizar cito Fernando Pessoa, que era um estudioso do misticismo e que pensava que "o misticismo é a forma mais complexa de ser efeminado e decadente". Alongo e atribuo à astrologia! Sem preconceitos.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

De princesa a plebeia

Em tempos de revalorização da monarquia com casamentos reais, toda a pompa, circunstância e glamour envolvidos, convido-os a uma reflexão sobre o caminho inverso: de princesa a plebéia.
Na semana passada, assistimos, a maioria de nós não imunes a alguma reação, à boda do Príncipe William com a “plebéia” Catherine Middleton. Protocolos elaboradíssimos, cerimônia perfeita, chapéus interessantes e os noivos... felizes para sempre.
Bastaria um olhar mais atento para observar a diminuição da espontaneidade da princesa construída, agora repleta de títulos nobiliárquicos. O aceno no balcão do palácio, o beijo tímido, enfim, detalhes ínfimos, mas programados.
É consenso que uma bela cerimônia faz de qualquer jovem uma princesa por um dia. E depois da festa, o casal estará irremediavelmente diante das mazelas do dia-a-dia. Qualquer casal, independente de situação política, socioeconômica ou cultural. E é aqui que pondero sobre o caminho inverso.
A princesa Masako, do Japão, abandonou sua carreira diplomática, seu olhar brilhante, em prol do dever. Ganhou um casamento real, foi humilhada por não dar à luz um herdeiro (homem) – como se a determinação do sexo coubesse à mulher... e até hoje apresenta sinais de depressão.
Outra “plebéia”, Jacqueline Pascarl, teve seus dias de princesa na Malásia, tendo sido submetida a um protocolo digno de Império Austro-Húngaro, com algumas tintas de modernidade. Sua história está disponível em seus próprios relatos e o que ela obteve com o divórcio de seu riquíssimo príncipe foi alívio, sem deixar de considerar o sofrimento imposto com o seqüestro de seus dois filhos pelo próprio pai. Esta “princesa”, porém, teve depois de muitos anos, um final feliz como plebéia.
Às vezes o príncipe vira sapo... como na vida das mulheres comuns...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

História Infantil Versão Adulto - por Luna

Chapeuzinho Vermelho,  em nossos dias, é nada além de um prato cheio para os psicoterapeutas de  plantão e psiquiatras forenses. Em primeiro lugar, trata-se da garotinha que atravessou a floresta (matagal?) para levar quitandas à avozinha. O que fazia só a menininha? Um promotor de justiça certamente enquadraria a família de origem ou o tutor legal, fato consumado. Na seqüência, de duas, uma: ou a garotinha se desviou do caminho, desobedecendo à recomendação materna, ou foi abordada pelo lobo já na casa da avó. Em ambas as circunstâncias, o relato está pra lá de mal contado. Ou o lobo era pedófilo, ou gerontófilo.  Ambas as coisas? Pouco provável. As telespectadoras moralistas certamente atribuiriam a culpa às vestes da garota – muito curtas – ou da avó – camisola transparente. Então o lobo, coitado, não teve opção: rendeu-se ao desejo e se satisfez. Não contente com a velhinha, usou e abusou da menina, provavelmente porque era impotente. Nesta hora, o lenhador chega, mata o lobo e salva a garota. Outro pedófilo?  Amante da avó? Um cidadão consciente? Um pai de família revoltado? E o linchamento, não é crime? Prendam o lenhador.

Rapunzel. Taí uma que eu gosto. Porque diabos essa maluca ficou presa na torre tanto tempo? Tenha dó, fizesse uma corda com seus longos cabelos e descesse logo. Será que ela era míope? Ficou esperando o príncipe, mas na versão recente, em desenho animado, seu redentor era bem mais divertido – e humano. Por assim dizer, um anti-herói. Convenhamos, porém, não é mais o que se espera das mulheres, não é mesmo? Esperamos atitude, até os machistas ultimamente aprovam alguma atitude (melhora o orçamento doméstico).

E a Branca de Neve? Teimosa, não? Um prendedor para os cabelos, uma fita para ajustar o vestido, por fim a fatídica maçã. Vaidosa, gulosa e ...burra (será que ela era loura?). Como os médicos da época não eram lá tão bons (vão dizer que não dispunham de recursos), precisou de um príncipe. De novo! Por que não um plebeu, playboy, sei lá...só sei que tratou de deixar os anões depressinha, nem quis saber se ainda tinha família. Prato cheio para as revistas de fofocas, que irão criticar sua bela aparência (que olheiras, depois de tanto sono). Uma catarse, meio patética.

Nota da autora:  não é minha intenção destruir a ingenuidade, tampouco adaptar as histórias para os tempos modernos, trata-se de licença digamos, nada poética. Uma brincadeira, e só.

Maria Tatame - por Luna

Pratico atividade física visando ao bem-estar. Costumo dizer, com freqüência, aquilo que se faz pela saúde acaba por brindar a estética, benefícios adicionais e muito bem-vindos, afinal, vaidade não é pecado. Ainda mais em se tratando do sexo frágil. Tão frágil este sexo que pratica com regularidade e disciplina atividade aeróbica, musculação, desenvolve consciência corporal e, de quebra, diverte-se. Desenvolvi nos últimos anos uma curiosidade pela defesa pessoal, curiosidade transformada aos poucos em uma de minhas paixões. Nada a ver com artes marciais, elegância ou ética. Luta mesmo, corpo a corpo, que vença o melhor. Em razão de certa dificuldade em encontrar o instrutor ideal, iniciei com aulas de boxe. Fantásticas. Devo dizer que isto se deve ao Ricardo. Mais esta, obrigada, muito obrigada. Ao Ricardo.
De início sem o mínimo jeito para a coisa, aprendi o que era um golpe direto, cruzado, gancho e me envolvi em cada execução de exercícios, às vezes imaginando um adversário real, às vezes nem isso. Como preocupação apenas não me machucar. Apaixonante, sem dúvida. Desta forma foi que também aprendi o significado direto da palavra endorfina. Recomendo a todas as pessoas, agitadas ou simplesmente estressadas, ou ainda a pessoas casadas de boa índole que jamais, jamais pensariam em fazer algum mal ao parceiro.
Há algumas semanas, para deleite dos assíduos, compareceu ao ringue ninguém menos que Popó, Acelino Popó,expressão maior do pugilismo nacional e hoje deputado federal pela Bahia. Pois bem, enquanto trocava de roupa no vestiário, preocupada em usar alguma peça mais estruturada e que não me limitasse os movimentos, deparei-me com uma cena, no mínimo, cômica. Algumas jovens e belas praticantes estavam a se maquilar. Naturalmente aguardavam pelas emissoras de televisão, desnecessário comentar sua presença diante das câmeras.
Acho que sou extra-terrestre.