quarta-feira, 9 de setembro de 2009

PRESENTES

Não há nada pior do que um presente mal dado... e nada ainda pior do que um presente mal recebido.
Presente, essa tortura psicológica.
O presente pode induzir a uma instabilidade psíquica. E olha que me refiro aos dois lados dessa moeda. Já foi ao shopping tendo que comprar um presente pra alguém sem a mínima idéia do que escolher? É UMA TORTURA!!!
Ontem fui a casa de minha irmã e olhando um pequeno detalhe da decoração não me contive em elogiar um determinado objeto sobre o balcão da cozinha. No que eu falei "que bonito isso..." apontando para a tal peça decorativa, imediatamente ouvi na voz da minha irmã um "você acha?", logo seguido de um sincero "quer levar pro seu apartamento?", o que me provocou uma irresistível vontade de olhar de novo e reavaliar o meu gosto por candelabros.
É difícil mesmo dar um presente, ganhar um presente, trocar um presente, arrumar um lugar na casa para guardar um presente. Nem que seja dentro do armário. Dá trabalho! E aquele parente que só dá presente de gosto duvidoso ou peças lindas de roupas (tamanho PP!!) compradas em liquidação? NÃO DÁ NEM PRA TROCAR!!!
E quando a gente se compra um presente? É tão ou mais terrível do que ganhar um. Quando a gente se compra a coisa errada, é igualmente difícil se livrar da coisa. Criamos um vínculo sentimental com aquilo que escolhemos e compramos, acreditem!, por livre e espontânea vontade... por mais incrível que isso pareça.
Uma vez, viajava com minha irmã pela Bahia quando comprei uma cabeça de ancião esculpida em um côco. Olha... sinceramente falando, uma pica esculpida em um cocô seria de mais bom gosto do que aquilo. E o pior é que nem apostando o côco num carteado com outros hóspedes do hotel conseguimos nos livrar do souvenir. Resultado: está lá, na estante, até hoje! O ancião, no côco.
Me lembro bem de um episódio da minha infância, quando meus pais chegaram da Amazônia com um arco e flecha embrulhado em plástico bolha. Trouxeram também um cocar, mas este veio na cabeça do meu pai, que desembarcou com ele do avião.
Depois de alguns parcos dias pendurado em homenagem a decoração da parede da sala, o arco e flecha foi parar atrás da porta do "quarto de bagunça" - um quarto usado em casa para depositar quinquilharias - onde passou vários anos hospedado.
Um belo dia acordo com gritos de "iáááááá" e muita euforia provenientes do jardim. Levanto sobressaltada e percebo que meu cavalinho de pelúcia sumiu. Eu era criança, adorava o cavalinho! Abro então a janela do meu quarto e finalmente vejo: meu pai, vestido de índio, ostentando um belo de um cocar e atirando com o arco e fleha no cavalinho estrategicamente postado sobre o muro do quintal. A empolgação era tanta que só vimos meu pai novamente na hora jantar. Ficamos com muito medo de encontrar um oca no quintal mas parece que a empolgação durou apenas um dia mesmo. Por outro lado ficamos realmente muito felizes por finalmente achar uma utilidade para o arco e flecha (e o cocar!) empoierado atrás da porta. Sem falar no cavalinho supra-citado, que também foi presente de viagem. Aliás, meu pai sempre comentava como conseguiu heroicamente transportar o cavalinho juntamente com os demais passageiros dentro da cabine do avião - detalhe: era um cavalinho tipo um mini-pônei, de balançar! Pelo menos o cavalinho teve um final heróico né? Faleceu numa caçada indígena...
Há um estresse inerente às coisas que compramos e guardamos por total falta de utilidade. Há mesmo! Indiscutivelmente!
Assim, concluo que a propensão para escolher presentes errados é genética, e o pânico gerado pela pressão psicológica de dar e receber presentes ou comprar souvenirs é de caráter estritamente familiar. Mas tendo em vista a qualidade e o gosto duvidoso dos presentes frequentemente recebidos por amigos e familiares, penso que este é um mal moderno cada vez mais diagnosticado, do qual sinceramente padece a humanidade.

5 comentários:

  1. Embora muitas vezes seja difícil, sempre gostei de presentear as pessoas ao meu redor...é muitas vezes a minha maneira de manifestar meu apreço e por essa razão quando resolvo presentear alguém reservo um tempo especialmente para isso...considerando que me dirijo a alguém de quem gosto penso em tudo que sei sobre o "presenteando"..no que teria serventia, no que proporcionaria alegria ou prazer..e em geral acerto...esse realmente é um lance muito meu...
    Em compensação por outro lado sou um grande frustrado porque na grande maioria das vezes as pessoas não tem esse tipo de atenção comigo...no meu último aniversário ganhei uma camisa da Zara, que é uma loja que produz roupas para jóqueis anões com barriga de tanquinho...o extra grande deles deve caber num menino em idade de bar mitzva resultado...o meu presente foi trocado na loja por um presente para outra pessoa...outra lembrança interessante era um cliente espanhol que me presenteava com coisas que nem a faxineira do escritório queria levar para casa...que dureza...já souvenirs de viagens são coisas feitas para juntar poeira e ácaros dentro de casa...houve uma época que onde eu passava comprava um cacareco para minha mãe...depois disso veio a mania dos pratos de parede da minha mãe e das colheres com bandeirinha de cidades e países...e daí eu cheguei a conclusão que não tenho vocação de esquilo para ficar guardando tranqueiras dentro de casa e parei com essa palhaçada..nada mais escroto do que uma jangadinha de madeira com o nome de Fortaleza pirografado...
    Não perdendo a oportunidade, a cena excêntrica do índio flechando o cavalinho no quintal deve ter sido bem especial...considerando que se vocês ainda passeiam pela vizinhança e não fazem visita ao manicômio de Franco da Rocha, os muros do quintal devem ser bem altos..he he he ...a família é realmente especial,só espero que essa história não resulte em protestos, como o que foi feito em nome dos surdos...

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  2. Da próxima vez que eu te der algo, vou até a Renner e compro um vale presente de 10 reais.

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  3. to lembrando de uma pulseiraaaaaaaaaaa...kkkkkk!!!
    É Simon, tem razão, esse ano é assim, rsrsr, bjssssss

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  4. Adoro ganhar e dar presentes. Só não gosto dos PP que são comprados em liquidação, sem direito a troca. Isso mostra a boa vontade com que foi comprado. Tenho até hoje alguns presentes que ganhei já faz um tempão. Por ex., um par de brincos de osso que pesam 1 kg cada - adoro! Já tive tb um porta-cartas de baralho numa época em que eu não jogava. Até chorei qdo ele sumiu numa mudança. A intenção é tudo de bom!!

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  5. O porta cartas de baralho vcs deram muita risada e trocaram por outra coisa, não sumiu não viu Cla?
    Mas como esse mundo da voltas e quem foi lá no alto já voltou, e tb a Luzitana roda e o mundo gira, (uma coisa assim)!!!
    BINGOOOOOOOOOOOOOOO!!!!
    Agora vcs jogam...RÁ! Não compr mais nenhum porta nada, calo nas mãos é o preço, kkkkkkk!!! Agora fiquei sentida, profundamente abalada...

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