terça-feira, 22 de setembro de 2009

BOTOX

Ela não precisava. Era jovem e linda, mas todas as amigas iam fazer... então ela se decidiu: pagou uma nota por 20 e poucas injeções na testa. O que poderia fazer alguém pagar por uma injeção na testa se não a questão estética? E ela pagou não só por uma, mas por 20 E POUCAS!
Acontece que o procedimento não foi de todo inócuo. Uma das injeções atravessou um inadvertido "vasinho" e provocou um pequeno - na sua concepção, gigantesco! - hematoma subocular. Hematoma este que denunciava todo o ato secreto do culto estético a que se submeteu. E olha que das amigas ela era a que mais defendia a causa do natural. Tratamento estético eu??? Imagina! PRA QUE???
Resumindo: foi escondida, pagou uma nota, tomou 20 e poucas injeções NA TESTA e por fim foi deliberadamente delatada por um hematoma que não diminuiu nem um milímetro com a exaustiva aplicação de gelo local (o que acabou por ocasionar um congelamento de seu nariz - mas essa é outra história).
Na manhã seguinte a mãe, olhando a mancha roxa sob seu olho esquerdo, perguntou:
- E agora, o que você vai fazer?
- Vou trabalhar com minha máscara do Zorro! - sim, ela tinha uma máscara do Zorro!
- Mas o que você vai dizer no escritório?
- No máximo "aiô silver"!!!!
Tudo bem que esse era o Cavaleiro Solitário, mas não me ocorreu mais nada pra dizer...
Ficou fácil agora identificar mais um dos tratamentos estéticos descritos neste blog: se você vir alguém com a máscara do Zorro no escritório, não tem como errar. Agora, se estiver com a fantasia completa, pode chamar o pessoal do Pinel porque Botox é só na cara.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

IDÉIAS

Ontem acordei no meio da noite com uma idéia. Maravilhosa. Era boa mesmo!
Tinha tudo na cabeça, o texto pronto. Era só escrever.
Daí dormi de novo... acordei de manhã com o despertador e... esqueci!
É bom acordar com a mente vazia.
Dormi na madrugada repetindo o mantra da idéia que eu tive, mas não sonhei com isso e nem me lembrei dela quando acordei.
Na verdade continuo não me lembrando.
Não seria maravilhoso se eu conseguisse fazer isso também com tudo que não interessa?
De repente esquecer e a pessoa... sumir! De repente esquecer e o "escritório público" implodir sem deixar vestígios.
De repente esquecer e a idéia evaporar. De repente esquecer e pronto!
Já pensou, passar na frente de locais ou pessoas indesejáveis e ter essa espécie de amnésia seletiva?!!
Melhor que tomar 1 litro de vodca hein!!
Bom, talvez seja só uma questão de treino...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O ACELERADOR DE PARTÍCULAS

Eu adorava o acelerador de partículas. Tinha verdadeira fé de que uma hora o choque provocado pelas partículas em questão iriam ocasionar o aparecimento de outras espécies, talvez - quem sabe com um pouco, bem pouco mesmo já é o suficiente! de sorte - espécies melhores do que a nossa.
Muito bem, aconteceu o previsto... o acelerador de partículas quebrou. Depois de algum tempo de reflexão, na espera do conserto da máquina, percebi que a nossa vida não vai mudar em nada se ficarmos a par de certas informações... não vai fazer nenhum sentido a mais. A gente vai continuar sendo... a gente.
O mundo é isso aí. Nós somos isso aí! E é fácil identificar os mais insatisfeitos, pois eles se punem criando chiwawas, animal em abundância na fronteira franco-suíça. Não é lá que está o acelerador?

Aí eu me pergunto: pra que??? saber de onde viemos??? pra onde vamos??? se a humanidade descende de Adão, Eva, geração espontânea ou teoria Darwinista???
Pra que???
Não estamos todos AQUI???!!!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

PRESENTES

Não há nada pior do que um presente mal dado... e nada ainda pior do que um presente mal recebido.
Presente, essa tortura psicológica.
O presente pode induzir a uma instabilidade psíquica. E olha que me refiro aos dois lados dessa moeda. Já foi ao shopping tendo que comprar um presente pra alguém sem a mínima idéia do que escolher? É UMA TORTURA!!!
Ontem fui a casa de minha irmã e olhando um pequeno detalhe da decoração não me contive em elogiar um determinado objeto sobre o balcão da cozinha. No que eu falei "que bonito isso..." apontando para a tal peça decorativa, imediatamente ouvi na voz da minha irmã um "você acha?", logo seguido de um sincero "quer levar pro seu apartamento?", o que me provocou uma irresistível vontade de olhar de novo e reavaliar o meu gosto por candelabros.
É difícil mesmo dar um presente, ganhar um presente, trocar um presente, arrumar um lugar na casa para guardar um presente. Nem que seja dentro do armário. Dá trabalho! E aquele parente que só dá presente de gosto duvidoso ou peças lindas de roupas (tamanho PP!!) compradas em liquidação? NÃO DÁ NEM PRA TROCAR!!!
E quando a gente se compra um presente? É tão ou mais terrível do que ganhar um. Quando a gente se compra a coisa errada, é igualmente difícil se livrar da coisa. Criamos um vínculo sentimental com aquilo que escolhemos e compramos, acreditem!, por livre e espontânea vontade... por mais incrível que isso pareça.
Uma vez, viajava com minha irmã pela Bahia quando comprei uma cabeça de ancião esculpida em um côco. Olha... sinceramente falando, uma pica esculpida em um cocô seria de mais bom gosto do que aquilo. E o pior é que nem apostando o côco num carteado com outros hóspedes do hotel conseguimos nos livrar do souvenir. Resultado: está lá, na estante, até hoje! O ancião, no côco.
Me lembro bem de um episódio da minha infância, quando meus pais chegaram da Amazônia com um arco e flecha embrulhado em plástico bolha. Trouxeram também um cocar, mas este veio na cabeça do meu pai, que desembarcou com ele do avião.
Depois de alguns parcos dias pendurado em homenagem a decoração da parede da sala, o arco e flecha foi parar atrás da porta do "quarto de bagunça" - um quarto usado em casa para depositar quinquilharias - onde passou vários anos hospedado.
Um belo dia acordo com gritos de "iáááááá" e muita euforia provenientes do jardim. Levanto sobressaltada e percebo que meu cavalinho de pelúcia sumiu. Eu era criança, adorava o cavalinho! Abro então a janela do meu quarto e finalmente vejo: meu pai, vestido de índio, ostentando um belo de um cocar e atirando com o arco e fleha no cavalinho estrategicamente postado sobre o muro do quintal. A empolgação era tanta que só vimos meu pai novamente na hora jantar. Ficamos com muito medo de encontrar um oca no quintal mas parece que a empolgação durou apenas um dia mesmo. Por outro lado ficamos realmente muito felizes por finalmente achar uma utilidade para o arco e flecha (e o cocar!) empoierado atrás da porta. Sem falar no cavalinho supra-citado, que também foi presente de viagem. Aliás, meu pai sempre comentava como conseguiu heroicamente transportar o cavalinho juntamente com os demais passageiros dentro da cabine do avião - detalhe: era um cavalinho tipo um mini-pônei, de balançar! Pelo menos o cavalinho teve um final heróico né? Faleceu numa caçada indígena...
Há um estresse inerente às coisas que compramos e guardamos por total falta de utilidade. Há mesmo! Indiscutivelmente!
Assim, concluo que a propensão para escolher presentes errados é genética, e o pânico gerado pela pressão psicológica de dar e receber presentes ou comprar souvenirs é de caráter estritamente familiar. Mas tendo em vista a qualidade e o gosto duvidoso dos presentes frequentemente recebidos por amigos e familiares, penso que este é um mal moderno cada vez mais diagnosticado, do qual sinceramente padece a humanidade.