terça-feira, 31 de março de 2009

NINGUÉM

Eu tinha um amigo que falava que ele era "ninguém". Então, se o telefone tocasse no trabalho e a voz do outro lado da linha pedisse para falar com "alguém" ele imediatamente chamava outra pessoa. Por outro lado, se o telefone tocasse com insistência, o que era muito comum pois ninguém ali atendia!, e a pessoa do outro lado da linha reclamasse "pô, mas não tem NINGUÉM aí!!!", ele imediatamente, com um sorriso no rosto respondia "pois não!".

Quando eu era criança sempre sonhei em ser "alguém", mas com o passar dos anos, compreendi que somos cada vez mais "ninguém". E ser ninguém é básico!! O barulho do riso vai ficando cada vez mais semelhante ao ruído do choro e todos nos tornamos o medíocre Mr. Cellophane.

TODOS somos ninguém e ninguém está nem aí pra ninguém, o que nos torna portanto todos iguais.


Também ninguém, no sentido vazio da palavra, lê o que eu escrevo. Nunca, em toda minha vida, eu tive tão pouco trabalho para esconder meus textos do que depois que os tornei públicos! Se eu soubesse disso antes, não me preocuparia tanto em guardar meus medíocres pensamentos a sete chaves - putz! quanta besteira!


Ainda tenho mais uma coisinha pra falar: tudo bem que somos ninguém, Sócrates já afirmava isso há anos atrás, com a máxima "só sei que nada sei". Mas como ainda resta um fiozinho de auto-estima em mim, eu tenho que registrar aqui o meu protesto contra essa frase que persegue a humanidade. O que EU sei é muito! Posso não saber tudo, mas sei bastante coisa... pra mim, obviamente.

Sim, eu quero saber mais, mas daí a falar que eu não sei nada... NADA!!! É injusto pra caramba.

2 comentários:

  1. Só sei que nada sei é muito simplista, é a aceitação da ignorância total e irrestrita. O mais certo seria dizer quanto mais eu sei mais eu sei o quanto eu não sei...

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